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Editorial: Autêntica comunicação



Cidade do Vaticano (RV) – RealAudioMP3 Neste dia 1º de junho celebramos o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Este ano o tema escolhido pelo Papa Francisco é “Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro”. Esta comemoração foi instituída pelo Concílio Vaticano II, com o Decreto Inter Mirifica, de 1963. E como ocorre todos os anos, por ocasião da memória litúrgica de São Francisco de Sales, patrono dos comunicadores, no dia 24 de janeiro o Santo Padre divulgou uma mensagem ao mundo da comunicação social, aos profissionais e usuários.
Este ano, como já faz habitualmente o grande comunicador Francisco, para comunicar a sua mensagem usou exemplos, e desta vez utilizou a parábola do bom samaritano, exortando a sermos “cidadãos digitais” que constroem, utilizando a internet. O Papa chama este mundo criado pela inteligência do homem, de “dom de Deus”. Sim um dom que deve ser usado por todos, mas também um espaço onde as estradas deste mundo virtual podem conduzir a caminhos nem sempre fáceis.
Vivemos hoje o fenômeno das redes sociais e o Santo Padre vê neste fenômeno algo importante para comunicar a verdade, oportunidade para encontro e praticar a solidariedade, mas não esconde o seu temor pelos perigos que o mesmo apresenta. Francisco chama a atenção da Igreja, que somos todos nós, de que a mesma “não deve ser auto-referencial”, que deve se engajar na internet, para levar ao “homem ferido na estrada digital “óleo e vinho”: “que a nossa comunicação seja um óleo perfumado para a dor e o bom vinho para a alegria” comenta recordando a parábola.
Nos últimos tempos o tema recorrente das mensagens foi o da Internet e as novas formas de relacionamento nas redes sociais. Na sua primeira mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco dá continuidade à temática que vem abordando quase cotidianamente, ou seja, a da cultura do encontro. E o verdadeiro poder da comunicação – sublinha Francisco – é a “proximidade”.
Os novos espaços onde evangelizar, onde estar presente nos devem como comunicadores e usuários, levar a uma reflexão sobre o serviço que a comunicação presta para aproximar as pessoas, para criar relações interpessoais. Estamos vivendo um período, diria, histórico e muito particular: evidentemente notamos um progresso técnico extraordinário, que cria novas oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os povos; em certo sentido, estamos vivendo realmente uma globalização das relações. Mas essa globalização dever ajudar as pessoas, o indivíduo a crescer em humanidade, excluindo o egoísmo, o isolamento, o indiferentismo, concentrando energias e aspirações nos encontros que cancelam desconfianças, preconceitos, barreiras.
O Papa Francisco constata na sua mensagem que hoje nós vivemos em um mundo cada vez menor, mas onde, paradoxalmente as divisões e exclusões são maiores. A nível global vemos a distância escandalosa que existe entre o luxo dos mais ricos e a miséria dos mais pobres. Francisco dá um exemplo típico das grandes cidades dos países ricos: “Frequentemente, diz, basta passar pelas estradas de uma cidade para ver o contraste entre os que vivem nas calçadas e as luzes brilhantes das lojas”. Mas, entretanto, “estamos já tão habituados a tudo isso e isso não nos impressiona mais”.
O Santo Padre com essas considerações desenvolve uma reflexão aos comunicadores. A tecla que Francisco toca é mais uma vez a da “cultura do encontro”. E a cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber dos outros. E os meios de comunicação podem ajudar nisso.
Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos. E o Papa chama então a atenção para os problemas que se apresentam neste mundo virtual: antes de tudo a “velocidade da informação” que “supera a nossa capacidade de reflexão e julgamento”. O desejo da tão fala conexão digital – e isso já é linguagem cotidiana, estou conectado – pode, é a advertência, nos levar ao isolamento, distanciar-se do nosso próximo. Temos ainda o paradoxo, quem não tem internet, não está na rede, corre o “perigo de ficar excluído”, de quase não existir.
Os limites são reais, mas não justificam uma rejeição dos meios de comunicação; ao contrário, a “comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica”. E uma indicação para melhor saborear este mundo digital veloz, é recuperar o sentido de pausa de calma. Isto requer tempo e capacidade de fazer silêncio para escutar. Temos necessidade também de ser pacientes, se quisermos compreender aqueles que são diferentes de nós. Se queremos verdadeiramente escutar os outros, então vamos aprender a ver o mundo com olhos diferentes e a apreciar a experiência humana tal como se manifesta nas várias culturas e tradições. Assim, olhando com mais atenção poderemos perceber melhor, diz ainda o Papa, os grandes valores inspirados pelo Cristianismo, como, por exemplo, a visão do ser humano como pessoa.
Então a pergunta de Francisco, como a comunicação pode estar ao serviço da cultura do encontro? A resposta é a dimensão da “proximidade”. De fato, quem comunica se faz próximo.
O Convite, então à Igreja para que abra a portas também no ambiente digital para que o Evangelho possa atravessar os umbrais do tempo e sair ao encontro de todos.
A revolução nos meios de comunicação e de informação - a ultima constatação de Francisco – “é um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus”.
Francisco nos ensina que temos um grande conteúdo para comunicar, agora devemos encontrar a forma, o prisma, para passar uma mensagem de esperança nestes tempos de férrea crise. (Silvonei José)
Rádio Vaticano 

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