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Tudo que o homem cria deve buscar um resultado de serviço ao semelhante e ao planeta.
Em união com Deus somos capazes de ser mais criativos para vivermos com entendimento mútuo.
Em união com Deus somos capazes de ser mais criativos para vivermos com entendimento mútuo.

Por Dom José Alberto Moura*

Fazer surgir um ser, a partir do nada, somente pode acontecer com a ação divina. O ser humano, quando cria algo, sempre o faz tendo algo já existente, mesmo sendo a própria inteligência preexistente. O ato criativo de Deus, no entanto, se dá por sua própria natureza, com o seu ser que faz surgir outros seres com ação comum da própria unidade das tríplices pessoas. O pai gera o Filho com a ação do amor do Espírito Santo. No ato criativo fora de suas pessoas elas mesmas agem para dar existência a tudo. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, só cria, no entanto, com a base de sustentação divina, que lhe dá possibilidade de ter e usar a inteligência para criar algo. Mas esta nova criatura, para ter o êxito de seu surgimento, deve apresentar a conotação de servir a todos, vivendo à semelhança divina, que tem a ação geracional do amor. Tudo o que o ser humano cria, para obter seu resultado de serviço ao semelhante e ao planeta, deve servir a todos, como o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da economia, da cultura, da educação, da saúde, etc. Se não for para servir, é uma criação fadada ao desserviço a todos, com resultado infeliz para todos.

Na união com Deus o ato criativo humano tem resultado de benefício à coletividade, pois, em sua utilização, favorece o bem estar social. A Bíblia fala da ação divina criadora da alegria em ajudar o ser humano: “Eu estava a seu lado como mestre de obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando... alegrando-me em estar com os filhos dos homens” (Provérbios 8,30.31). Desse modo, todo ato criativo humano tem hipoteca social. Teríamos, então, mais desenvolvimento sustentável, pois, tudo serviria para o bem da inclusão social, a defesa do planeta e a justiça para todos, com a alegria de promover o bem comum. Superar-se-iam a degradação do meio ambiente, a poluição, a concentração de renda e de todos os recursos nas mãos de minorias, a disparidade exorbitante de pobreza e riqueza, o uso do desenvolvimento da ciência e de tudo o mais para privilegiar elites...

Paulo lembra a graça da fé inoculada pelo Espírito Santo, que enche de bom orgulho a quem é dócil a Ele: “Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos” (Romanos 5,2). Quem vive a graça da fé não desanima em fazer o bem, usando da própria inteligência para perceber o sentido da própria ação e tornar a própria vida um serviço real à promoção do bem do semelhante, mesmo nas dificuldades da vida. Usa dos dons divinos recebidos gratuitamente para ajudar a construção de uma sociedade justa. Teríamos, então, mais solidariedade e união para criarmos novas possibilidades de superação dos mecanismos de injustiça, de degradação do meio ambiente, de exclusões sociais e todo tipo de discriminação.

Deus é comunhão de pessoas que nos criou para também promovermos comunhão entre nós e a natureza. Em união com ele somos capazes de ser mais criativos para vivermos com mais entendimento, mútuo apoio e inter-ajuda. Seremos mais capazes de criar meios de formação melhor da família, da juventude, da política e da economia, para melhor distribuição de possibilidade de vida digna para todos. Deus nos dotou de inteligência suficiente para sermos capazes disso.


CNBB, 18-05-2016.

*Dom José Alberto Moura: Arcebispo de Montes Claros (MG).

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