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A exposição "Pererê do Brasil", com a famosa turma criada por Ziraldo

por Felipe Gurgel - Repórter
Há quase 60 anos, a Turma do Pererê se mantém no imaginário do público brasileiro de alguma forma. Resistindo à infinidade de estímulos vendidos às crianças todos os dias, o Saci (re)criado pelo desenhista Ziraldo continua em voga, por conta das expectativas que ainda cercam seu autor e pela adoção de várias gerações que conheceram o personagem.
A fim de contar a história do personagem e sua turma, a exposição "Pererê do Brasil" chega a Fortaleza, após permanecer em cartaz em três capitais: Salvador (BA), Recife (PE) e Brasília (DF). A mostra será aberta hoje (8), na Caixa Cultural Fortaleza (Praia de Iracema), para convidados e imprensa. A partir de amanhã (9), às 10h, o público terá acesso gratuito à exposição.
Adriana Lins, curadora e diretora de arte da exposição, conta qual foi a intenção da curadoria na escolha dos materiais da mostra. "Olhando o acervo tanto do Ziraldo, quanto do Tarcísio (Vidigal, que também assina a curadoria), a gente foi vendo como contar essa história. A narrativa do Saci Pererê ganhando público, acontecendo. Vendo o material existente, fomos costurando tudo de acordo com os espaços das sedes das Caixas (Culturais, em cada cidade)", detalha Lins.
Segundo informações oficiais da exposição, "Pererê do Brasil" traz o Saci em diversas mídias: TV, teatro, desenhos animados, quadrinhos animados em formato digital, material gráfico de produtos licenciados, publicações de revistas e livros de várias editoras, campanhas publicitárias e cartilhas educativas.
A curadora observa que um dos desafios da montagem é a acomodação dessa série de versões do Pererê, em sintonia com o espaço da Caixa Cultural Fortaleza. Ela explica que, em comparação à edição das outras capitais, "é a mesma narrativa, mesma história, mas se tenho mais ou menos parede, ao invés de eu ter uma página inteira do Jornal do Brasil de quadrinhos, posso ter duas ou três diferentes", diz.
Sobre as galerias da sede local da Caixa Cultural, Adriana Lins descreve que "aqui a gente vai ter um espaço delicioso de leitura, porque tem um anexo enorme na Galeria 2. Com todas as revistas em quadrinhos disponíveis, o visitante vai poder ler, ficar mais à vontade", exemplifica.
Crianças
A montagem da exposição se adequa ao público infantil, e não o contrário. Segundo a curadora, alturas mais baixas para expor os materiais, letras grandes e legendas objetivas foram pensadas para contemplar a estatura e o desenvolvimento das crianças visitantes.
Adriana Lins pontua que a exposição documenta várias nuances do Pererê. Para ela, se comparar o traço de Ziraldo em 1960, com o de 1975, "é bem diferente. A mão dele foi amadurecendo e o traço ganhando personalidade. E o visitante ora se verá no espelho: como se fosse amigo daquela galera, da turma que está na parede", revela.
Coleção
Parte da exposição integra a coleção do produtor Tarcísio Vidigal. Ele coleciona material do Pererê, dentre outros quadrinhos, desde criança. Aos 66 anos, Tarcísio situa que, durante a década de 1980, acumulou mais ítens e se aproximou de Ziraldo. "Algumas coisas (que estão na exposição) o próprio Ziraldo sequer tinha guardado. E tinha coisa que ele lembrava e brigava comigo pra ter, que nem menino (risos)", aponta.
Envolvido na produção do terceiro filme d'O Menino Maluquinho, dirigido por Ricardo Favilla, o produtor defende a atemporalidade do Pererê. Conta que os pais de hoje guardam a referência, desde a infância, e passam a história do personagem para os filhos. Mencionada em livros didáticos, a criação de Ziraldo fez parte da formação de muita gente. "Você tem o Pererê numa série da TV Brasil, no selo dos Correios, sempre está em voga de alguma forma", pontua Tarcísio Vidigal.
Para Adriana Lins, ainda que o Pererê tenha se consolidado em um tempo de predomínio das mídias impressas e analógicas, o apelo do personagem não mudou, diante do hábito das crianças interagirem com tablets e outros dispositivos digitais.
"Tem até um aplicativo do Pererê, de 2015, justamente pra iPhone e pra tablet. Foram animadas histórias, por uma técnica chamada motion comics, para esse aplicativo. Então, você tem o Pererê digital, e de traço, da revistinha, do papel, do disco. O personagem é muito bacana. E consegue ser atual: o Ziraldo já falava de ecologia desde a década de 60", endossa a curadora.
Mais informações:
Abertura da exposição "Pererê do Brasil" (Ziraldo). Em cartaz a partir de amanhã (9) até 5 de fevereiro, na Caixa Cultural Fortaleza (Avenida Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema). Visitação: terça a sábado, das 10h às 20h; domingo, das 10h às 19h. Acesso gratuito. Classificação: livre. Contato: (85) 3453.2770
Diario do Nordeste

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