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Com participação de brasileiros, grupo internacional faz teste inédito com anti-hidrogênio

Cinquenta cientistas de 11 países, incluindo quatro brasileiros, conseguiram criar, isolar e agora medir a energia de um átomo de anti-hidrogênio no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), na Suíça. O trabalho foi publicado nesta segunda-feira (19), na revista “Nature”.
A antimatéria é formada por antipartículas. Em teoria, para cada partícula de matéria no mundo, há uma antipartícula associada com as mesmas propriedades, uma espécie de simetria descrita em um teorema chamado de CPT. Entretanto, quando a antimatéria entra em contato com a matéria, ela é instantaneamente desintegrada. É isso é o que faz ser tão difícil estudá-la.
Na pesquisa publicada nesta segunda, o grupo de pesquisadores conseguiu criar átomos de anti-hidrogênio. Depois, o isolou com a ajuda de forças magnéticas - justamente para evitar que fosse aniquilado. Finalmente, jogou um feixe de raio laser na partícula com o objetivo de fazer uma medição conhecida como espectroscópica. O objetivo é testar se a antimatéria tem as mesmas características da matéria.
Com a chegada do laser ao átomo, ele se “agita” e os cientistas podem medir sua energia, entendendo melhor suas características. Se, ao contrário do que se espera, o antiátomo se comportar diferente do átomo, essa pode ser uma grande novidade. Por enquanto, no entanto, o grupo ainda está na fase de testes, analisando os resultados.
“Estamos testando a simetria jogando um feixe de laser numa nuvem de átomos de anti-hidrogênio, comparando os níveis de energia do anti-hidrogênio com os do hidrogênio. O teorema CPT diz que eles precisam ser absolutamente iguais. Se medirmos alguma diferença, significa que a teoria precisa ser revista”, explica Daniel de Miranda Silveira, um dos quatro pesquisadores brasileiros envolvidos.
Daniel de Miranda Silveira em primeiro plano, seguido por Bruno Ximenez Alves e Cláudio Lenz Cesar na sala de controle do experimento (Foto: Arquivo Pessoal/Cláudio Lenz Cesar)
Daniel de Miranda Silveira em primeiro plano, seguido por Bruno Ximenez Alves e Cláudio Lenz Cesar na sala de controle do experimento (Foto: Arquivo Pessoal/Cláudio Lenz Cesar)
Daniel de Miranda Silveira em primeiro plano, seguido por Bruno Ximenez Alves e Cláudio Lenz Cesar na sala de controle do experimento (Foto: Arquivo Pessoal/Cláudio Lenz Cesar)
O teorema CPT conversa com a ideia mais aceita sobre o início do universo, a teoria do Big Bang, segundo a qual uma grande expansão de matéria ocorreu há bilhões de anos. De acordo com uma das mais importantes teorias da física, o Modelo Padrão, no momento dessa “explosão” teria sido surgido a mesma quantidade de matéria e antimatéria.
“O grande mistério é o que aconteceu com a antimatéria no início no universo, quando deve ter sido formada a mesma quantidade de antimatéria e matéria, já que todo o universo que a gente conhece atualmente é feito de matéria”, explica o brasileiro Cláudio Lenz Cesar, um dos primeiros a participar da pesquisa no Cern. As agências espaciais, como a Nasa, tentam procurar respostas para esse pergunta também no espaço, num experimento na Estação Espacial Internacional (EEI).
Além de Silveira e Cesar, os brasileiros Rodrigo Sacramento e Bruno Alves também estão entre os 50 cientistas no experimento.

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