Uma crônica demolidora desenha-se na tela a partir de um conflito básico. Cena do filma "Aquarius", ficção do cineasta Kleber Mendonça Filho. Por Neusa Barbosa Concorrente brasileiro à Palma de Ouro em Cannes em 2016, “Aquarius”, segundo longa de ficção do cineasta Kleber Mendonça Filho, explora com perícia as contradições da classe média brasileira, e também mecanismos atávicos de dominação e convivência social, a partir do microcosmo do Recife. Conta, para isso, com uma extraordinária heroína, Clara, uma ex-crítica musical e escritora madura, interpretada com brio por Sonia Braga. Uma crônica demolidora desenha-se na tela a partir de um conflito básico: o pequeno e antigo prédio onde Clara (Sonia Braga) mora há décadas, onde viveu parte fundamental de sua história, na praia da Boa Viagem, foi inteiramente comprado por uma construtora, que se prepara para demoli-lo. O plano é substituí-lo por mais um daqueles imensos espigões que infestam toda a faixa à