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CCBB Rio exibe mostra de artista brasileiro pioneiro da pintura em movimento

Paulo Virgílio
Rio de Janeiro - Exposição no CCBB do Rio mostra a retrospectiva das obras do artista Abraham Palatnik (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Rio de Janeiro - Exposição no CCBB do Rio mostra a retrospectiva das obras do artista Abraham Palatnik -Tomaz Silva/Agência Brasil




















A retrospectiva da obra de um artista plástico brasileiro, pioneiro na técnica da pintura e escultura em movimento, abre hoje (1º) a programação de 2017 de artes visuais do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB Rio). A exposição Abraham Palatnik – A reinvenção da pintura reúne 85 trabalhos do artista, nascido em Natal em 1928, de pais russos, criado em Tel Aviv, na então Palestina, e desde 1947 – há 70 anos, portanto – residente no Rio.
São pinturas, aparelhos cinecromáticos, objetos cinéticos, objetos lúdicos, mobiliário e desenhos de projetos, provenientes de acervos particulares e institucionais do país e, principalmente, da coleção do próprio artista. A mostra, com curadoria de Pieter Tjabbes e Felipe Scovino, ocupa todo o segundo andar do CCBB Rio.
 "A história da arte mundial considera Palatnik um pioneiro da pintura e da escultura em movimento", destaca Scovino. Tanto ele quanto Tjabbes apontam “o diálogo preciso entre tecnologia e intuição” como um  dado fortemente significativo do lugar que Palatnik ocupa no panorama da arte. “Além disso, o experimentalismo e a organicidade sobrevoam a sua trajetória. Dois dados aparentemente ambíguos encontram uma simbiose perfeita”, afirmam.
 Também fazem parte da exposição pinturas dos pacientes psiquiátricos do hospital do Engenho de Dentro - Emydgio de Barros (1895-1986) e Raphael Domingues (1912-1979) -, que influenciaram uma mudança de rota na carreira do artista. Ele conheceu os dois em 1948, ao visitar o Museu de Imagens do Inconsciente, criado no manicômio pela psiquiatra Nise da Silveira. 
A partir de suas idas ao hospital, Palatnik abandonou tintas e pincéis e não voltou mais à pintura figurativa. “Eles não tinham aprendido nada na escola, não frequentavam ateliês e, de repente, surgem imagens tão preciosas. De onde veio essa força interior? Não vou mais pintar porque minha pintura não valia nada, era uma porcaria”, relata Palatnik sobre a decisão que tomou na época.
O resgate para a vida artística veio de um encontro com o crítico Mário Pedrosa e da leitura de um livro indicado por ele, sobre Gestalt, de Norbert Wiener. Em 1949, ele começou a pesquisar sobre luz e movimento até criar/fabricar os “aparelhos cinecromáticos” - caixa com lâmpadas cujo deslocamento era acionado por motor, criando imagens de luzes e cores em movimento.
Foi com o cinecromático Azul e roxo em seu primeiro movimento que Palatnik participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, ganhando menção honrosa do júri internacional. Ainda nos anos 50, ele desenvolveu pesquisa em pintura abstrato-geométrica e também em design de móveis.
Em 1964, o artista cria os “objetos cinéticos”, construídos por hastes ou fios metálicos que têm nas extremidades discos de madeira de várias cores e são movimentados por um motor. No mesmo ano, participa da Bienal de Veneza, o que estimula sua carreira no circuito internacional.
 A exposição Abraham Palatnik – a reinvenção da pintura fica em cartaz até 10 de abril e pode ser vista de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h, com entrada franca. O CCBB fica na Rua 1º de Março, 66, no centro do Rio.

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