Pular para o conteúdo principal

Acervo de Rachel de Queiroz passa por restauração e catalogação

Desde janeiro passado em terras cearenses, o acervo de Rachel de Queiroz que foi doado pelo Instituto Moreira Salles (IMS) para a Universidade de Fortaleza (Unifor) está em processo de restauração. O POVO visitou o setor de higienização da instituição cearense e acompanhou parte do processo de limpeza e restauro da coleção, prevista para ser aberta ao público em maio próximo. São mais de três mil itens recém-chegados do Rio de Janeiro e que ficarão disponíveis para visitação na Biblioteca Central da Unifor.
“A coleção é muito grande. Alguns livros estavam sendo bem manuseados, mas outros não estavam sendo bem cuidados e estão sem o dorso ou destruídos por insetos”, explica o restaurador Francisco Gomes do Nascimento. Apesar dos desgastes, Gomes destaca que a “maioria dos livros está numa condição boa”, revelando o cuidado que Rachel tinha pelas obras e que foi mantido pelo IMS. Mesmo assim, ele diz, todos os títulos – até os mais novos, de 2003 – estão passando por inspeção. “Eu pego livro e vou vendo folha por folha e (a obra) vai para uma máquina que suga a poeira. Depois fazemos um laudo para saber se o livro precisa de reparos”, detalha. A equipe é formada por quatro restauradores e Gomes justifica que mais dois serão contratados para que dê tempo a inauguração em menos de dois meses.
A bibliotecária Leonilha Lessa, que comanda a equipe responsável pelo acervo, pontua que, além da higienização, as obras passarão por um processo de organização para que a coleção tenha um “arranjo didático”. “Nossa biblioteca é universitária e, com essa coleção, toma outro rumo no sentido de receber a comunidade em geral, além de intelectuais e também grupos de escolas”, conta, apontando que haverá um esquema de agendamento.
 

Segundo a gerente, o arranjo será dividido assim: “As obras da própria Rachel, obras traduzidas por ela, livros com dedicatórias de escritores ilustres e uma parte importante que mostra o que ela gostava de ler”. Apesar de apontar a “alegria” de ter o acervo de uma “estrela”, Leonilha ressalta ser importante ir além e conseguir ler o que esses títulos contam. “Rachel é um destaque, mas quando você vai visitar uma coleção é importante entender que o contexto todo é o mais importante. As obras estão dentro de um período histórico-sociológico, que retrata muito a realidade do Brasil”, elucida.
Essa coleção é apenas uma parte de todo o acervo da escritora, que colecionava muitas publicações. O restante está dividido entre o Memorial 

Rachel de Queiroz, em Quixadá, e o acervo do bibliófilo José Augusto Bezerra, presidente da Academia Cearense de Letras. “A gente se orgulha muito, porque atualmente a coleção está toda no Ceará”, celebra. 
 (RENATO ABÊ) 

Outras preciosidades
A coleção conta com o livro Mafuá do malungo, de Manuel Bandeira, de 1948. Esta edição é de 110 exemplares em papel de linho e foi impressa para os amigos de Bandeira por João Cabral de Melo Neto.

O defunto, de Pedro Nava, de 1967, que teve tiragem limitada de 50 exemplares assinados pelo autor e pelo ilustrador José Júlio Calasans Neto.

O Quinze em tiragem especial da Confraria dos Bibliófilos do Brasil, de 1995. A publicação teve 250 exemplares, sendo o de Rachel o de número 217. É ilustrada com oito gravuras de Abraão Batista.

Xilogravura, de Lasar Segall. A publicação teve tiragem de 200 exemplares, em cartolina "Internacional" de 175 gramas. O livro é assinado por Jenny Klabin Segall, viúva do artista. 

O Povo

Comentários