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Terror "Corra!" estreia nos cinemas brasileiros com a proposta de discutir questões familiares e raciais

O cinema sempre foi usado como ferramenta para refletir questões do nosso cotidiano. Para muito além do susto barato, os filmes de terror, em especial, têm encontrado formas mais criativas e politizadas de se comportar, abordando temas pertinentes.
Quando estreou nos cinemas americanos, em fevereiro, o filme "Corra!" foi um sucesso absoluto de público, além de ter arrancado elogios da crítica especializada. Isso tudo porque coloca um relacionamento interracial em foco e questiona a tolerância em relação à cor da pele.
Rodado com orçamento de apenas US$4,5 milhões, valor modesto se comparado às grandes produções do gênero, a obra faturou um total de US$214 milhões mundialmente desde seu lançamento.
História
Na trama, o ator Daniel Kaluuya interpreta Chris, um jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana Rose, papel de Allison Williams.
A princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro, mas, com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador.
Em sua primeira experiência com um longa-metragem, o diretor Jordan Peele conta que a história de "Corra!" nasceu após assistir a um show de comédia estrelado por Eddie Murphy, no qual o ator contava a experiência de conhecer os pais de uma namorada branca. Murphy teria sido cogitado para interpretar o protagonista, mas o papel acabou indo para Daniel Kaluuya.
"Eu desenvolvi o longa nos últimos oito anos. A origem da história original era que eu queria fazer um filme de terror, e primeiro fiquei nessa ideia de que eu queria fazer um filme sobre o medo social e a ansiedade que todos temos sobre ser o 'outsider' em qualquer grupo. Muito rapidamente eu percebi que este poderia ser um filme racial", disse Peele ao site The Verge.
Entre as referências que influenciaram o cineasta na produção estão filmes como "O Bebê de Rosemary" e "Louca Obsessão".
"'Halloween', especialmente na cena de abertura, puxando o horror para fora do subúrbio. 'O Silêncio dos Inocentes' na cena da hipnose. É muito parecido com 'O Iluminado', já que ocorre em um local isolado e bonito. Essas são as principais influências", diz.
Repercussão
Peele achou que o filme não chegaria tão longe, já que o roteiro foi escrito durante o primeiro mandato de Barack Obama na presidência, quando as questões raciais eram mais otimistas. Agora, na era Donald Trump, o público teria despertado para a possibilidade de discutir um tema tão relevante. "Então, o propósito deste filme tornou-se não só representar a experiência negra, mas também a raça no gênero de horror e na opinião pública, de uma forma que eu sentia que era tabu", continua o cineasta.
Com o sucesso de bilheteria, é muito provável que uma sequência seja lançada em breve, mas ainda não há uma confirmação oficial. "Olha, eu sinto que há muito mais profundidade para o mundo (de 'Corra!')", disse Peele ao site JoBlo. "Eu só iria entregar ao público uma sequência se eu sentisse como eu estava indo para ser melhor do que o original", completa.
O cineasta promete que essa boa ideia não foi um golpe da sorte. "Eu adoro horror. Eu amo thrillers. Eu amo esses novos thrillers sociais. Há várias outras ideias que estão germinando nos últimos oito anos, e eu gostaria de fazer todas elas. (...) Eu quero escrever e dirigir esses outros quatro thrillers sociais", finaliza ao The Verge.
Diário do Nordeste

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