Padre Geovane Saraiva*
O
convite de Jesus ao humilde pescador Simão foi maravilhoso e transformador,
começando pelo nome, que de Simão passou a ser chamado de Pedro. É o Reino de
Deus, anunciado por Jesus de Nazaré com características claras e definidas, que
foi assimilado por Pedro no serviço da justiça e da caridade para com os
irmãos. Coube a ele compreender a necessidade do testemunho, na fidelidade a
Deus, afastando-se da ilusão do poder de um Messias triunfalista, conquistador
e guerreiro, que, com certeza, logo restauraria o poder temporal em Israel fora
de suas cogitações.
A obra redentora de Deus, em sua
indizível bondade, ternura e mistério de amor, fazendo-se homem, quis e quer
eternizar a criatura humana, restaurando-a e reconciliando-a consigo. É dentro
desse contexto que a Igreja comemora São Pedro, homem simples e humilde,
profundamente marcado pela graça de Deus, que, para os seguidores do Filho de
Deus, no decorrer dos séculos, foi imprescindível, ao marcar e personificar a
Igreja de um modo ininterrupto em toda a sua história. Pedro é a pedra que se
traduz pela fé no serviço generoso, custe o que custar, muitas vezes doando a
própria vida.
A amorosa exigência de Jesus foi
no sentido vê-lo totalmente voltado ao serviço do Reino de Deus, convocando-o a
fazer parte do número daqueles que seriam missionários a serviço do Mestre
Divino e que perpetuariam Seu ministério, após sua partida para o Pai. Ele nos
recorda a Igreja instituição com o poder recebido de Deus, na missão de “ligar
e desligar”, de ficar à frente da exigente e fascinante incumbência de
continuar, com dignidade e responsabilidade, o trabalho de santificar, ensinar
e governar o rebanho do Senhor. Na conjuntura da solenidade de São Pedro,
guardemos as palavras de Jesus aos discípulos, de não ter medo, que, segundo o
Papa Francisco, “nas dificuldades do testemunho cristão do mundo, nunca somos
esquecidos, mas sempre assistidos pela solicitude atenta do Pai”.
Após o chamado do seu Mestre e
Senhor, com Ele conviveu, participou do privilégio de sua amizade e integrou
como o primeiro no Colégio dos Apóstolos. Testemunhou, com os próprios olhos, a
vida, a morte e a ressurreição do Senhor Jesus, confessando com a própria boca:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”, recebendo, da parte de Jesus, um
grande elogio: “Feliz és tu, Simão, porque não foi a carne nem o sangue que te
revelaram isso, mas o meu Pai que está nos céus” (cf. Mt 16, 16-17). Por
fim, o que acontece com Jesus repete-se com Pedro, sendo crucificado, mas de
cabeça para baixo, julgando-se indigno de morrer do mesmo modo que seu Mestre e
Senhor.
*Pároco de Santo Afonso, Jornalista,
Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia
Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com
Comentários
Postar um comentário