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Museu que possui ovos de dinossauro de milhões de anos fecha as portas em Guarujá, SP

Museu Joias da Natureza, que abriga mais de 10 mil amostras de 190 países, incluindo raros ovos de dinossauros, fechou as portas neste domingo (25), em Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo a instituição, a administração municipal prometeu apoio às atividades do Museu, mas isso nunca aconteceu e, não há condições financeiras de manter o local aberto.
O Museu era o único de toda a região da Baixada Santista e, um dos únicos do estado de São Paulo e do país, a difundir e fomentar as ciências naturais e as geociências. A primeira sede, em São Vicente, funcionou por 16 anos. Depois, mudou-se em 2015 para Guarujá, em um espaço concedido pelo ex-secretário de turismo José Carlos Rodrigues.
“Ele (ex-secretário) saiu do governo e a prefeitura não nos apoiou em nenhum momento. Ele continuou nos apoiou quanto empresário. Recebemos a visita do prefeito Valter Suman, o que nos encheu de esperança. O projeto que passamos ficou parado, passou por varias secretarias e infelizmente, nada aconteceu”, explica Paulo Anselmo Matioli, diretor e curador do Museu Joias da Natureza.
Segundo ele, atualmente, o Museu conta com o trabalho de sete pessoas, sendo quatro monitores e três profissionais, todos voluntários. Eles ficaram, durante um ano e meio, sem nenhum apoio logístico ou financeiro da administração municipal, conforme tinha sido prometido. “Eu tentei segurar o máximo que pude e avisei a prefeitura que, se até junho não tivesse nada, eu iria buscar outros caminhos”, fala.
 
Réplica de dinossauro é uma das atrações do museu (Foto: João Paulo de Castro / G1)Réplica de dinossauro é uma das atrações do museu (Foto: João Paulo de Castro / G1)

Nesta segunda-feira, os profissionais começam a desmontar todo o Museu. No acervo, estão os fósseis originais de ovos e réplicas em tamanho real das espécies Nanyangosaurus Zhugeii e Oviraptor Mongoliensis, que são dinossauros extintos há mais de 100 milhões de anos.
O Museu também conta com um aquário fóssil, minerais que brilham no escuro e partes do maior meteorito do mundo. Já na ala “Elementos da Terra”, o museu mostra lavas de vulcões de diversas partes do Brasil e do Mundo. Além da Paleontologia e da área de pedras, vulcões e lavas, o museu conta com o setor de astronomia, onde a formação e a evolução do planeta e do sistema solar são abordadas.
“Temos o apoio da Unifesp, USP, Unicamp. É um acervo digno de museus da Europa, material todo original. Acervo composto mais de 10 mil amostras de 190 países. Únicos dois ninhos de ovos de dinossauros em exposição no país. A gente tem um acervo riquíssimo”, disse Matioli.
Todo o material do acervo será levado para um local em Santos. A ideia de Matioli é realizar exposições itinerantes ou eventos esporádicos enquanto o museu não tem uma parceria que possa manter um espaço físico.
“Infelizmente, hoje (domingo) é o último dia. Fizemos um trabalho excelente durante os 18 meses que ficamos. Tivemos um feedback muito positivo. Aguardamos alguma instituição ou governo que tenha interesse em realizar um projeto, sério, perene de longa duração. Esperamos que uma cidade, da Baixada Santista, ou fora do Estado, tenha o interesse de nos levar e nos abraçar. Somos uma instituição diferenciada, construímos junto com a cidade”, afirma Matioli.
 
Paulo Matioli segurando a caixa com o fragmento do meteorito (Foto: Mariane Rossi/G1)Paulo Matioli segurando a caixa com o fragmento do meteorito (Foto: Mariane Rossi/G1)

Por meio de nota, a Prefeitura de Guarujá informou que tem interesse em manter o acervo do estabelecimento na cidade, atendendo o desejo dos munícipes. A administração municipal informou que todo material de exposição pode ser abrigado junto ao museu administrado pela Secretaria de Cultura (Secult).
"Para eventual apoio com investimento público é necessário que o museu esteja devidamente regularizado como, por exemplo, possuir alvará específico - hoje é um restaurante irregular e sem reconhecimento pelo Sistema Estadual de Museus, sem o qual a participação pública é extremamente restrita", escreveu.

G1

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