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Em cartaz até 1º de outubro, Unifor traz ao público cearense a exposição "Imagens Impressas: um Percurso Histórico pelas Gravuras da Coleção Itaú Cultural"

Do século XV, "Cristo Carregando Cruz", de Martin Schongauer, é a peça mais antiga da coleção
Na era do acirramento dos dispositivos móveis, em que o fluxo de imagens descortina intimidades e possibilita um questionamento contínuo do papel do autor, compreender a mensagem codificada através do meio visual tem sido uma provocação. "Ler" estas imagens, através de seus símbolos e códigos tornou-se um propósito bem mais urgente do que o processo de captura e reprodução do real.
Ter acesso a uma outra perspectiva em torno deste tema é somente uma das abordagens presente na mostra "Imagens Impressas: um Percurso Histórico pelas Gravuras da Coleção Itaú Cultural", em cartaz até o dia 1º de outubro, no Espaço Cultural Unifor.
Com curadoria assinada por Marcos Moraes, a exposição desbrava cinco séculos da produção gráfica europeia. As 148 peças que compõem a mostra apresentam ao público as diferentes técnicas de gravuras dos séculos XV a XIX. "Imagens Impressas" já passou pelas cidades de Santos e Curitiba. Após a temporada em Fortaleza, segue para o Rio de Janeiro.
Entre os destaques da referida coleção surgem obras do artista e caricaturista francês Honoré-Victorien Daumier (1808-1879), como "Quelle heurese rencontre! - Les Amis" (ca.1840), "Mais pis que" (s.D.), "C'est bien parce" (s.D.), "Um ami est - Les Amis" (ca. 1840) e "J'offrirai à monsieur" (s.D.).
Daumier também surge de modo singular por meio do original de uma charge publicada no jornal "Le Charivari", um dos principais veículos franceses no período. Chama a atenção, ainda, uma série de trabalhos de artistas mais conhecidos como pintores, como Edouard Manet (1832-1883), Eugène Delacroix (1798-1863), Francisco de Goya (1746-1828), Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) e Rembrandt van Rijn (1606- 1669).
A gravura mais antiga em exibição é Cristo Carregando Cruz (imagem maior), feita em 1475 por Martin Schongauer (1448-1491), um dos primeiros gravuristas de que se tem notícia. Outro encanto visual são as ilustrações realizadas por Gustave Doré (1832-1883, no século XIX, para o livro "A Divina Comédia", de Dante Alighieri (1265- 1321).
Desafio
Pegando emprestado a definição da "Enciclopédia Itaú Cultural", "gravura" é o desenho feitos em superfícies sólidas (como madeira, pedra e metal) com base em incisões, corrosões e talhos realizados com instrumentos e materiais especiais, e que podem ser reproduzidos posteriormente através de suas matrizes.
O desafio iminente do trabalho de curadoria de Marcos Moraes foi estabelecer um recorte dentro do acervo original composto por 457 trabalhos impressos. Elementos como a diversidade de técnicas, temas e destinações das gravuras foram nortes preciosos e determinaram a formatação de um percurso histórico pelas gravuras do Itaú Cultural.
A exposição "Imagens Impressas" constitui um serviço único ao entendimento da evolução da imagem ao longo dos séculos enquanto meio de comunicação. Desde os primeiros registros em paredes de cavernas, passando pela máquina de Gutemberg, estabelecendo-se através de vanguardas artísticas e, posteriormente, consolidando a fotografia e o cinema, os registros advindos da realidade carregam expedientes históricos, políticos e sociais do momento e contexto em que foram produzidas.
Sobre essa relação entre tecnologia e imagem, Moraes estabelece uma fala única sobre a exposição. "Tem outra relação com este trabalho que dá conta da questão 'tempo'. Essa imagem (aponta para a gravura de Daumier) é fruto de um tempo que não é o da produção da imagem de hoje, essa imagem rápida e consumida", pontua ele. "Esses trabalhos possuem a dinâmica e essa condição de temporalidade. É o tempo do fazer o desenho, esculpir a placa de metal, o tempo da impressão. Ou seja, são camadas e camadas de tempo que revelam uma imagem que não temos hoje", defende o curador.
Mais informações:
Mostra Imagens Impressas: um Percurso Histórico pelas Gravuras da Coleção Itaú Cultural. De hoje a 1º de outubro, no Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz) Visitas: terça a sexta, das 9h às 19h; sábados e domingos, das 10h às 18h
Gratuito. Contato: (85) 3477.3319

Diário do Nordeste

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