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Espetáculo teatral de alunos do IFCE, aborda violência contra mulher

Dacosta/ Divulgação
Dados do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), não deixam dúvidas: “a cada 11 minutos e 33 segundos”, uma pessoa é estuprada no Brasil, sendo cinco por hora. Somente no ano de 2015, 45.460 casos foram registrados, sendo 24% deles nas capitais e no Distrito Federal. Esta e outras inquietações relativas, sobretudo, ao universo feminino pontuaram discussões dentro da sala de aula da 24ª turma do curso de Licenciatura em Teatro do IFCE - formada por mais mulheres do que homens - e deram norte a elaboração de um espetáculo de conclusão.
“Antes de chegar ao processo de montagem, tivemos um de composição cênica. Fizemos então alguns exercícios de improvisação, levamos alguns temas e leituras de dramaturgia. Durante essa disciplina, veio muito a questão do feminicídio, e ninguém havia combinado nada! Mas ficou pairando pela turma. Fizemos mais exercícios até que se chegou ao tema da opressão contra a mulher a partir de uma sociedade patriarcal”, contou Tomaz de Aquino, à frente da direção de A cada 11 minutos.... O espetáculo estreia amanhã, 18, na Casa de Artes da própria instituição (Espaço Zen), seguindo em curta temporada com a entrada franca.
Com dramaturgia assinada por Rafael Barbosa, a montagem tem como pilares a violência contra a mulher e a chamada ‘cultura do estupro’, a partir de uma narrativa não-linear que também divide-se em 11 fragmentos. “A gente começa já com um tipo de violência bastante comum, que é a que acontece dentro de casa. A primeira cena é a do aniversário de uma menina de sete anos, que é estuprada pelo tio”, adianta o diretor que, tendo esse fato como mote, passa a colocar em jogo determinadas situações e personagens com seus estereótipos tal qual um jogo de xadrez. “A cada 11 minutos da peça, existe uma intervenção de vídeos, projeções e relatos reais, transformados em leitura ficcional pelos atores”, explica Tomaz que, com o tema levado aos palcos, não pretende deixar conclusões.
“Questionamos toda essa violência infantil e a exploração sexual que surge com ela, pegamos ícones como a Xuxa e o É o Tchan, a objetificação da mulher que ‘tem que ser bonita, do lar, esperando o marido chegar em casa’... Mas o público é quem tira as suas conclusões. Tem essa questão dialética também. A gente não diz nem que sim, nem que não, mas o que é que você tira disso?”, indaga.
SERVIÇOA cada 11 minutos...Quando: dias 18, 19, 25 e 26 de agosto, às 19h30minOnde: IFCE (av. 13 de Maio, 2081 - Benfica)Classificação: 18 anosCapacidade: 40 lugaresGratuito
TERESA MONTEIRO

O Povo

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