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Menina cega chega à final de Olimpíada de Matemática

Colaboração para o UOL
  • A Bacello / El Observador
    3.set.2017 - A professora Analia Lira aprendeu braile para ensinar a estudante María Luisa Carballo
    3.set.2017 - A professora Analia Lira aprendeu braile para ensinar a estudante María Luisa Carballo
María Luisa Carballo foi umas das 1500 finalistas da Olimpíada de Matemática realizada no bairro de Casavalle, em Montevidéu. O desafio organizado pelo centro educacional Los Pinos tem na jovem de dez anos uma competidora especial: a menina perdeu a visão há três anos por causa de um glaucoma congênito. Para superar as dificuldades em sala de aula, a garota conta com a ajuda da educadora Analia Lira, que aprendeu braile para ensinar a estudante.
"Entrei na escola com cinco anos. Analia está conosco desde o começo, porque ela era professora da minha irmã. Ela me deu aula no segundo, no quinto e no sexto ano", disse María Luisa ao site do jornal uruguaio "El Observador", em entrevista publicada neste domingo (3). A docente explicou como ela teve de se adaptar às dificuldades da menina.
"No segundo ano, ela era uma criança de baixa visão. Então veio uma professora itinerante de outra escola, especialista em ensinar jovens com baixa capacidade visual, que nos deu diretrizes para trabalhar. Porém, no quinto ano, quando voltei a dar aula para María Luisa, ela já tinha perdido toda visão", relatou.
Ocorre que a menina nasceu com a doença, que foi se desenvolvendo com o passar dos anos. Os médicos que fizeram o diagnóstico explicaram a sua família que com o tempo era provável que ela ficasse cega, o que aconteceu quando a jovem chegou no terceiro ano da escola.
María Luisa chegou a cursar o quarto ano em uma escola adaptada a ensinar crianças com baixa visão, mas as dificuldades financeiras de sua família a obrigaram a voltar a estudar em seu bairro. A partir daí que a menina e Analia voltaram a se encontrar, o que motivou a professora a aprender braile.
"Agora podemos nos falar pelo mesmo código. Ao planejar atividades em braile, ela se sente mais valorizada", explicou Analia, que aproveitou um curso gratuito do Ministério de Desenvolvimento Social para aprender a linguagem. E a Olimpíada? "Quero saber como me saí. Estou ansiosa", disse María Luisa.

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