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Centro de Eventos do Ceará ganha novas cores durante o Festival Concreto

O centro de Eventos do Ceará, na avenida Washington Soares, terá grandes painéis pintados nas paredes externas FÁBIO LIMAEm 2013, as paredes externas do Farol do Mucuripe ganharam novas tintas pelas mãos de um grupo de artistas visuais. A ação dividiu opiniões, sendo execrada por setores da sociedade e enaltecida por outros. Mesmo sem autorização prévia, os artistas fizeram a intervenção, provocando discussões e novas ocupações da comunidade no entorno do equipamento. Era a primeira edição do Festival Concreto se desenhando, um evento internacional de arte urbana que, desde então, se espalha por Fortaleza anualmente. A quarta edição tem datas confirmadas: irá ocorrer de 10 a 26 de novembro de 2017, seis dias a mais que no ano passado.
As intervenções artísticas no mobiliário da Cidade passaram a ser uma das marcas do festival, excitando a população a discutir arte urbana, bem como a relação da arte com a Cidade e vice-versa. Neste ano, além de outros projetos, a grande intervenção na Capital será uma obra, feita a diversas mãos, em quatro paredes do Centro de Eventos do Ceará.
O artista e organizador do Concreto, Narcélio Grud, estima que, das 12 mil latas de spray que devem ser utilizadas em todo o festival, cerca de 10 mil se tornarão cores e formas nas paredes laterais externas do equipamento, de 25 metros de altura por 90 de largura, cada.
Diferentemente da intervenção do Farol do Mucuripe, este trabalho será realizado com autorização do Governo do Estado.
“A autorização a gente conseguiu no ano passado, durante o festival.
Mas não teríamos fôlego, devido ao tamanho da estrutura que precisamos”, explica. “Só para você ter uma ideia, até as plataformas elevatórias que temos aqui são poucas. A empresa que nos fornece vai trazer duas de fora para suprir nossa necessidade”. O trabalho deve durar boa parte dos dias em que o festival irá ocorrer, mas a primeira semana será dedicada exclusivamente à execução da obra.
Indo além das grandes obras e dos grandes artistas, o Concreto, lembra o organizador, também alinha outras vertentes da arte urbana, como atividades educacionais, de formação, workshops e debates. Segundo Grud, outro projeto para esta quarta edição é a criação de um Parque Criativo (playground) no bairro Jangurussu. O equipamento foi desenvolvido por um grupo multidisciplinar envolvendo arquitetos, urbanistas, designers e artistas, durante encontros no ateliê de Grud, no bairro Benfica.
A ideia surgiu desde a segunda edição do festival, quando o mobiliário urbano entrou na agenda do Concreto. Dentro desta proposta, outras duas obras foram montadas durante o evento. Uma delas foi a Arquibancada do Por do Sol, que levou cadeiras às pedras do espigão da Praia de Iracema, para estimular ocupação do espaço pelo público. Foram elaborados ainda sofás, esculturas, jogo de postes, bocas de lixeiras e protetores de árvores.
Muito além do fator estético, a arte é, principalmente, um legado para as cidades por onde passa, lembra Narcélio. “Nos dias de hoje, ainda podemos encontrar obras públicas de Zenon Barreto, Leonilson, Ademir Martins, Estrigas, para citar alguns das gerações que já se foram, mas que continuam com suas obras presentes em Fortaleza. O tempo traz mudanças, outros artistas, novas técnicas e materiais surgem, novos termos e conceitos também”, escreveu Grud na fã page do Concreto, no Facebook. 
O antigo Farol do Mucuripe e o espigão da Praia de Iracema já receberam intervenções artísticas durante edições anteriores do Festival Concreto TATIANA FORTES
O antigo Farol do Mucuripe e o espigão da Praia de Iracema já receberam intervenções artísticas durante edições anteriores do Festival Concreto TATIANA FORTES
SAIBA MAIS
Cerca de 70 artistas estão confirmados para a 4ª edição do Concreto, entre residentes no Ceará, nomes nacionais e internacionais. Rafael Limaverde, Fora de Registro, Fóssil Coração de Peixe, Leo BDSS, Raísa Christina, Juliana Mota, Daniel Chastnet são alguns dos nomes locais.
Na relação dos internacionais estão Wosnan (Colômbia), Roman Murattkin (Rússia), Pablo Tenam (Chile), Medianeras Murales (Argentina) e Hygienic Dress League (USA). Quatro equipamentos sonoros também serão instalados na Cidade. As obras, assinadas por Narcélio Grud, são espécies de rodas que irão tocar músicas quando manuseadas pelo público (foto). As esculturas serão instaladas em quatro locais de Fortaleza: Praça Portugal, Praça do Ferreira, Calçadão Praia de Iracema e Parque Criativo Jangurussu. A obra irá tocar a Nona Sinfonia de Beethoven e é baseada na escultura chamada Roda de Bicicleta, de Marcel Duchamp.
CAMILA HOLANDA
O Povo

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