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XIX Unifor Plástica homenageia cearense com trabalhos de 18 artistas cujas obras dialogam com as do filho do Crato

Obra da artista Sabyne Cavalcanti, que participa pela primeira vez da Unifor Plástica, com dois trabalhos
O artista Rafael Vilarouca apresenta na Unifor Plástica um conjunto de fotografias de sofás abandonados. As imagens constroem planos geométricos
Com a partida de Sérvulo Esmeraldo, em fevereiro deste ano, homenageá-lo na XIX Unifor Plástica - a ser lançada logo mais à noite, às 19h, no Espaço Cultural Unifor - tornou-se uma escolha natural. Participante da primeira edição da mostra, em 1973, o cratense será mais uma vez reconhecido por sua contribuição às artes plásticas, com cerca de 20 obras expostas em diálogo com trabalhos de outros 18 artistas convidados.

Responsável pela curadoria da exposição pela segunda edição consecutiva, Ivo Mesquita compartilha que a atividade demandou uma pesquisa de seis meses, entre março e agosto desse ano. "Foi preciso pensar trabalhos de artistas contemporâneos que conversassem com Sérvulo numa relação conceitual, de atitude, modo de operar, construindo um panorama da obra dele como centro", explica o curador.

Ao todo, ele e uma auxiliar avaliaram obras de pelo menos 50 artistas, com visita a ateliês, exposições e ainda consulta de dossiês. O resultado foi o convite a Eduardo Frota, José Guedes, José Albano, Carlos Macedo, Tiago Santana, Eduardo Eloy, Rafael Vilarouca, Ícaro Lira, Cadeh Juaçaba, Márcio Távora, Jared Domício, Luiza Veras, Waleria Américo, Simone Barreto, Marco Ribeiro, Sabyne Cavalcanti e Rodrigo Frota. "Poderiam ser mais, mas fizemos um recorte", explica Mesquita.

De acordo com o curador, a exposição aborda a obra de Sérvulo vinculada à tradição construtivo/concreta brasileira com um grupo de trabalhos escolhidos para, por um lado, oferecer uma perspectiva dos meios empregados na construção do objeto, assim como as diversas etapas e questões que puseram em marcha a sua produção.

"Por outro lado, o conjunto de obras propicia encontros, provoca fricções, aponta diferenças ou similitudes, promovendo relações pontuais com as produções de 18 artistas cearenses convidados, de diferentes gerações, trabalhando com suportes e estratégias que envolvem fotografia, desenho, escultura, pintura, vídeo e instalação", diz Ivo Mesquita.

Espaço

A exposição não segue uma cronologia da obra do artista. A mostra tem início na Galeria 1, com um conjunto de desenhos semelhantes às equações matemáticas para o estudo da forma e da percepção, passa por esculturas onde a geometria sofre torções ou cria ilusões no espaço, no plano da parede ou na superfície da gravura, segundo descrição do curador.

"Colocados em vivo contato com os trabalhos de Waléria Américo, Thiago Santana, Sabyne Cavalcanti, Eduardo Frota, José Albano, José Guedes, Jared Domicio, Rodrigo Frota, José Tarcísio, Márcio Távora, Cadeh Juaçaba e Ícaro Lira, torna-se perceptível os princípios e qualidades que relacionam essas produções: rigor e racionalidade, a opção pela geometria e pelas formas concretas, o gesto preciso e afirmativo, sobriedade e economia de recursos, contenção, método e serialidade. Constituem, com trabalhos singulares e autônomos, um núcleo denso, original, representativo de um modo de pensar e fazer arte hoje", pondera Mesquita.

Já na galeria 2, de acordo com o curador, estão aqueles trabalhos de Sérvulo que tencionam os limites da forma, que contaminam a ordem da razão com o acaso, o jogo, o humor: os excitáveis propõem uma interação direta com o sujeito observador; as torres cinéticas, projetos que convocam vento e luz para sua efetividade; o olhar sobre o vernacular e o gesto solto que evocam paisagem e memória.

"O encontro agora com os trabalhos de Waléria Américo, Carlos Macedo, Marco Ribeiro, Sabyne Cavalcanti, Rafael Vilarouca, Simone Barreto, Luiza Veras e Eduardo Eloy, afirma, por sua vez, produções estruturadas pelo gesto disciplinado, por vezes obsessivo; trabalhos marcados por ambiguidades e jogos com a percepção, dobras; taxionomias, narrativas pessoais e a passagem do tempo. Revelam toda a extensão de possibilidades e questões que se desdobram da obra de um artista e a beleza que se faz visível no diálogo com os seus contemporâneos", enfatiza Mesquita.

Sabyne Cavalcanti está participando como artista convidada da Unifor Plástica pela primeira vez e terá duas obras na mostra: "Ruínas da Prainha" e "Ilha". Para ela, "a mostra é essencial na formação artística, pois se conecta com a arte contemporânea e beneficia o conhecimento e o entretenimento". Uma palestra com o curador acontece agora pela manhã, às 9h, no Teatro Celina Queiroz. A partir de quarta (18), a mostra estará aberta à visitação pública.

Mais informações:

Lançamento da XIX Unifor Plástica. Hoje (17), às 19h, no Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Bairro Edson Queiroz). Visitação: 18 de outubro de 2017 a 28 de janeiro de 2018, de terça a sexta, das 9h às 19h; sábados e domingos, 10h às 18h. Gratuito. Contato: (85) 3477.3319

Diário do Nordeste

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