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Brasil celebra literatura feminina no Salão do Livro de Paris

mediaO Salão do Livro de Paris acontece desta sexta-feire (16) a segunda-feira (19).Divulgação
O empoderamento das mulheres ganha também o Salão do Livro de Paris, inaugurado nesta quinta-feira (15). O Brasil, que participa tradicionalmente do evento, decidiu celebrar neste ano a literatura feminina.



Dos vinte autores que participam de debates e sessões de autógrafos no estande brasileiro no Salão do Livro de Paris, treze são mulheres. A programação do espaço foi montada pela embaixada brasileira de Paris, que é a responsável pela participação do Brasil no evento, em parceria com a Primavera Literária e com o Centro de Pesquisas sobre Literaturas e a Sociopoética (CELIS). Segundo os organizadores, o que une as participantes, além do fato de serem mulheres e escritoras, é o incessante resgate da memória, ainda que ficcional, como ferramenta da construção identitária e resgate da própria palavra, silenciada há séculos”.
Três autoras de renome, e que já têm romances publicados em francês, foram especialmente convidadas pela embaixada: Ana Maria MachadoConceição Evaristo e Guiomar de Grammont. Existe uma escrita feminina? Essa foi a questão levantada pelas três autoras em um debate antes da abertura do Salão. Ana Maria Machado disse que pensa que "existe uma literatura feminina, mas seria incapaz de defini-la”. Ela acredita que os livros escritos por mulheres são diferentes, têm uma outra abordagem.
Conceição Evaristo afirma que escreve com seu “corpo de mulher negra”. A oralidade é a marca principal de sua literatura. Ela lembra que, no passado, as negras, escravas e empregadas analfabetas contavam histórias para adormecer os filhos de seus patrões. “Eu, ao contrário, escrevo para acordar as pessoas”, diz a escritora que milita pelos direitos das mulheres e afrodescendentes.
Abertura para autores lusófonos
Pela primeira vez, o estande brasileiro abre espaço para autores lusófonos. A veterana Lídia Jorge, um dos maiores nomes da literatura portuguesa, vai participar ao lado das escritoras brasileiras de várias mesas sobre a literatura feminina.
Outros destaques são a cantora e compositora Adriana Calcanhotto e a consultora de moda Cristina Cordula. A famosa apresentadora de TV do canal M6 francês estará autografando no salão seu guia de moda. Novos talentos femininos também terão seu espaço no estande e não podemos deixar de ressaltar o trabalho de Márcia Bechara, autora de contos de ficção e jornalista da RFI.
Mas os homens não ficaram de fora. O jovem e engajado escritor Julián Fuks vai estar lançando no salão seu primeiro romance traduzido para o francês, "Resistir". O livro, vencedor do Jabuti e do prêmio Saramago de literatura em 2017, está sendo lançado com o título “Ni partir ni rester”.
A Rússia é o país convidado do Salão do Livro de Paris, o maior evento do mercado editorial francês, que acontece até a próxima segunda-feira (19).

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