Uma proposta talvez boa.
Uma porção de joguinhos poéticos com os quais tenho a pretensão de ganhar dos leitores desta sexta-feira pelo menos um sorriso.
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PLUS
Entre o amor e a fé,
Escolha a fé.
O amor não remove montanhas.
BRASÃO DO MIOJO
Libertas quae sera lámen.
ROTINA
Verá quem viver:
nem os vitalícios
escapam ao vício
de morrer.
GRAMÁTICO
O tico-tico pudico
apaga no muro com o bico
raspadinha após raspadinha
o acento no ú
da infame palavrinha.
NADA A VER
Morrer cedo
não faz de ninguém
um álvares de azevedo.
AGORA VAI
Decidiu ser poeta
e já tem as matérias-primas:
um coração pateta
e um dicionário de rimas.
METROS FINAIS
Do jeito que vai
logo não aguentarei
nem o peso de um haicai.
AH…
Precisei ler três vezes
sem entender o que lia
para compreender –
era uma algaravia.
ANTIFAÇANHA
Minha última falha
foi tentar – e não conseguir –
mover uma palha.
APARÊNCIA
Pode não ser
mas tem sempre certo ar obsceno
um substantivo epiceno.
A VERDADE
A idade
não traz sabedoria –
só longevidade.
CULPA
O que incomodava um pouco
alguns poetas parnasianos
era não conseguirem esconder
em certos versos o calor humano.
SEMANA DE 22
Como primeiro passo
para a modernidade
todos resolveram chamar-se andrade.
BALANÇO
Escrevi o mais que pude,
Sem jamais esmorecer.
Haveria mais virtude
Em abster-me de escrever.
Fonte: Estadão Conteúdo
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