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Jane e Átila - Totó

Gonzaga Mota*

Jane, morava com seu parceiro Átila e dois filhos, na rua Domingos Ferreira, próximo à praça Serzedelo Correia, no bairro de Copacabana, no Rio de janeiro. Era uma família de classe média inferior. Ela, além dos afazeres domésticos, lecionava numa escola pública próxima de sua residência. 

Possuía uma sólida formação moral e cultivava bons sentimentos dentro do seu lar. Mário Lago e Ataulfo Alves, muitos anos atrás, ao comporem "Amélia", belo samba do cancioneiro popular brasileiro, tiveram por inspiração, sem dúvida, "uma mulher de verdade" parecida com Jane. Sem nenhuma razão, Átila tinha muito ciúmes da professora Jane. Trabalhava, como contínuo, em uma empresa de exportação e importação no centro da cidade. 

Após o expediente, ao voltar para casa, gostava de tomar uns tragos e jogar sinuca com alguns companheiros num bar da rua Barata Ribeiro. Ao chegar em casa, geralmente era muito grosseiro com a dedicada Jane e com as crianças. Não media as palavras e as agressões eram morais e às vezes chegava ao ponto de bater, covardemente, na passiva Jane. Os vizinhos, penalizados, escutavam e viam cenas tristes. As crianças choravam e gritavam agarrados à saia da mãe. Pode-se chamar de "complexo de gênero" a atitude de um homem surrar uma mulher. Hoje, no Brasil, existe a "Lei Maria da Penha" protegendo as parceiras dos maus elementos como o Átila. 

Numa noite de horror, uma vizinha do casal denunciou à Polícia o que estava ocorrendo e Átila foi flagrado, algemado e preso, levado sob os aplausos para a delegacia do bairro. Sem dúvida, será feita justiça. Covarde, a vida é assim.

*Integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, poeta, escritor, professor da UFC e ex-governador do Ceará

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