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Papa fala de 'decadência moral' da humanidade

  domtotal.com

Em entrevista, Francisco rejeita o rótulo de marxista e retoma preocupação com o aumento do desemprego.


Roma  – O papa concedeu entrevista ao jornal italiano 'Il Messaggero', publicada nesse domingo, na qual afirma que a atual crise é sinal de uma "decadência moral" e reafirma a prioridade aos pobres. "Estamos vivendo não tanto uma época de mudanças, mas uma mudança de época: trata-se, portanto, de uma mudança de cultura", referiu Francisco, para quem esta transformação "alimenta a decadência moral, não só na política mas também na vida financeira ou social".

O papa rejeita, como em ocasiões anteriores, o rótulo de "marxista", afirmando mesmo que "a bandeira dos pobres é cristã" e que os comunistas a "roubaram". “O que eu digo é que os comunistas nos roubaram a bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho. A pobreza no centro do Evangelho”, afirma Francisco. “Podemos ver também as bem-aventuranças, outra bandeira. Os comunistas dizem que tudo isso é comunismo. Pois, está bem, só que chegam 20 séculos depois”, prossegue.


O papa retoma as suas preocupações com as consequências do desemprego, frisando que quem perde o seu trabalho “tem de lidar com outra pobreza, já não tem dignidade”. “Até pode ir à Cáritas e levar para casa um saco de bens alimentares, mas sente uma pobreza gravíssima que lhe destrói o coração”, precisou. 

Na entrevista, publicada na solenidade de São Pedro e de São Paulo, os padroeiros da Igreja de Roma, Francisco é questionado sobre o seu discurso em relação às mulheres e o seu papel na comunidade católica. “A mulher é a coisa mais bela que Deus fez”, começa por afirmar o papa, realçando que “se deve trabalhar mais sobre a Teologia da mulher” e falar mais neste tema.

O papa pede uma Igreja capaz de “sair à rua” e ir em busca das pessoas, “entrar nas casas, visitar as famílias, andar nas periferias”, não ser “apenas uma Igreja que recebe, mas que oferece”.

A menos de dois meses antes da viagem à Coreia e olhando já a visita ao Sri Lanka e Filipinas, em janeiro de 2015, Francisco afirma que “a Igreja na Ásia é uma promessa” e assume que a China representa “um grande desafio cultural, enorme”. Questionado sobre a direção que está tomando a “Igreja de Bergoglio”, o papa argentino responde: “Graças a Deus, não tenho nenhuma Igreja, sigo Cristo, não fundei nada”.

Francisco admite que mantém o "estilo" que tinha em Buenos Aires e declara mesmo que seria "ridículo" mudar, com a sua idade. Em relação ao programa do pontificado, o papa recorda que muitas decisões tinham sido pedidas pelas reuniões de cardeais que antecederam o Conclave de março de 2013, em que foi eleito, como por exemplo a criação de um conselho para o aconselhar na reforma da Cúria Romana. "As minhas decisões são fruto das reuniões pré-conclave, não fiz nada sozinho", conclui.
SIR

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