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Vaticano: Igreja começa a celebrar Ano da Vida Consagrada

Agência Ecclesia
 





Iniciativa do Papa Francisco procura dar visibilidade e reconhecimento a estilo de vida que acompanha Cristianismo desde os primeiros séculos

Lisboa, 29 nov 2014 (Ecclesia) – A Igreja Católica começa hoje a assinalar o Ano da Vida Consagrada, convocado pelo Papa Francisco, com uma vigília de oração em Roma, sob a presidência do responsável pelo setor na Cúria Romana, cardeal João Braz de Aviz.
A iniciativa decorre nos 50 anos da publicação do decreto do Concílio Vaticano II sobre a Vida Consagrada, ‘Perfectae caritatis’, e foi explicada aos religiosos de todo o mundo pelo próprio Papa, através de uma carta apostólica publicada esta sexta-feira.
O cardeal brasileiro D. João Braz de Aviz refere à Rádio Vaticano que Francisco convida os consagrados da Igreja Católica a reforçarem a sua identidade de “discípulos de Jesus”, voltando à intuição dos “fundadores e fundadoras” das ordens e congregações, “com os olhos abertos ao diálogo com o mundo”.
O presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) encara a celebração do Ano da Vida Consagrada como uma hipótese dos consagrados e consagradas mostrarem à sociedade a força que continua a marcar a sua missão, mesmo no meio de muitos desafios e dificuldades.
De acordo com a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, da Santa Sé, a média de abandonos dentro das ordens religiosas e seculares é atualmente de 3 mil por ano.
A falta de vocações, realça o padre Artur Teixeira, tem feito com que muitos olhem para a Vida Consagrada como uma “espécie” em “extinção” e deve sem dúvida “questionar profundamente” os religiosos e religiosas acerca da sua “fidelidade ao Evangelho”.
O padre David Sampaio, docente de História da Igreja na Universidade Católica Portuguesa, recorda, no dossier publicado na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, que a Vida Consagrada é “uma forma de vida cristã que se reporta aos primeiros séculos do cristianismo”.
Já o padre Manuel Morujão, jesuíta, refere na mesma publicação que “desde os começos da Igreja, houve homens e mulheres que, pela prática dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, procuraram seguir mais de perto a Cristo no seu estilo original de vida”.
A irmã Maria de Fátima Magalhães, da Companhia de Santa Teresa de Jesus, escreve por sua vez que a Vida Consagrada “será sempre um dom, uma ‘boa notícia’ para a Igreja e para o mundo.
O bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, viu a sua vocação crescer dentro da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, onde fez os primeiros votos e foi mais tarde ordenado sacerdote a 12 de junho de 1977.
Para o prelado natural de Trás-os-Montes, “ser consagrado é a realização de uma vocação batismal” e também “uma opção pessoal, em resposta a um apelo que se sente como cristão”.
O Ano da Vida Consagrada tem estado em destaque, esta semana, no Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública e é o tema central da edição deste domingo (06h00).
“A Vida Consagrada não é muito falada. Nós falamos com crianças e elas não sabem o que é, quando na realidade a consagração é uma presença fundamental para a Igreja”, sublinha à Agência ECCLESIA o padre Miguel Ribeiro, missionário espiritano de 37 anos, religioso desde 2006.
O Papa Francisco propôs que a Igreja Católica vivesse um tempo, até 2 de fevereiro de 2016, em que a ação dos consagrados, religiosos e leigos consagrados, estivesse no centro, dando testemunho, “com diferentes carismas e espiritualidades”, de um trabalho realizado em prol de “uma sociedade mais justa e fraterna”.
Leiga consagrada, pelo Instituto Secular das Cooperadoras da Família, Elizabete Puga reconhece que o serviço realizado por pessoas que “mantêm a sua profissão e estão inseridas na sociedade, vivendo os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência” causa estranheza.
Rosário Virgílio, presidente da CNISP (Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal), deseja que este ano “contribua para um maior conhecimento desta vocação”, a secularidade consagrada, e que se “deixe de identificar vida consagrada com a vida religiosa”.
SN/LS/HM/JCP/CB/OC

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