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MIT, nos EUA, aprova número recorde de estudantes brasileiros este ano

Quatro jovens foram aprovados e mais quatro estão na lista de espera. 

Alunos agora aguardam resultado do pedido de bolsa de estudos.

Paulo GuilhermeDo G1, em São Paulo

Allan dos Santos Costa, Felipe Alex Hofman, Mateus Bezrutchka e Gustavo Torres Silva foram aprovados no MIT (Foto: Arquivo pessoal/IOI2014/Victor Moriyama/G1)Allan dos Santos Costa, Felipe Alex Hofman, Mateus Bezrutchka e Gustavo Torres Silva foram aprovados no MIT (Foto: Arquivo pessoal/IOI2014/Victor Moriyama/G1)
O número de estudantes brasileiros aceitos pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas do mundo, foi recorde este ano, segundo os representantes do instituto no Brasil. Ao todo, quatro alunos tiveram seus pedidos de aplicação aprovados e quatro ficaram na lista de espera do MIT. O melhor desempenho até então foi em 2013, com quatro aprovados e três na lista de espera. O resultado foi divulgado diretamente para os alunos no sábado (14).
"Dos mais de 600 inicialmente interessados no curso de graduação do MIT, tivemos um recorde de 115 candidatos que completaram o processo de aplicação. Destes, 17 excelentes candidatos brasileiros foram filtrados para a fase final da seleção", destaca a doutora Elaine Lizeo, do MIT Educational Council, coordenadora do time de entrevistadores no Brasil. A equipe é formada por ex-alunos do MIT, atualmente empresários, altos executivos e consultores.
G1 destacou na terça-feira (16) a história de um desses aprovados, o estudante Gustavo Torres da Silva, de São Paulo, morador do bairro do Capão Redondo e bolsista no Colégio Santo Américo. Os outros alunos aceitos foram Allan dos Santos Costa, do Colégio COC de Bauru (SP);  Felipe Alex Hoffman, de Erechim (RS), que atualmente está no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP); e Mateus Bezrutchka, de Taboão da Serra (SP), aluno do Colégio Etapa.
Eles esperam agora a resposta ao pedido de bolsas de estudo (parcial ou integral) do MIT. O curso de graduação custa em média US$ 65 mil por ano.
Outros quatro alunos brasileiros estão na fila de espera aguardando alguma desistência: Matheus Carius Castro, do Colégio Farias Brito, de Fortaleza; Felipe Pires, do Cefet-RJ; Samuel D. Gollob, da Escola Americana de Belo Horizonte; e Chungmin Lee, da Escola Graduada de São Paulo.
Felipe Alex Hofmann, de 18 anos, tinha sido aprovado no ITA (Foto: Arquivo pessoal/Felipe Alex Hofmann)Felipe Alex Hofmann, de 18 anos, tinha sido
aprovado no ITA (Foto: Arquivo pessoal/Felipe Alex
Hofmann)
Do ITA para o MIT
Felipe Alex Hofmann, de 18 anos, foi aprovado em dezembro para o curso de engenharia aeroespacial do ITA. Ele disse ter ficado muito surpreso com a notícia da aprovação no MIT. "Fiz o application para algumas universidades americandas, como Harvard, Yale e Stanford. Mas jamais imaginei que passaria no MIT", comemorou Felipe, que ainda espera a resposta das outras universidades, mas está decidido a ir mesmo para o instituto de tecnologia.
Filho de um tenente-coronel da Polícia Militar e uma enferemeira em Erechim, o estudante participou de várias olimpíadas científicas no ensino médio. "Foi muito bom para mim. No interior do Rio Grande do Sul a gente não fica sabendo muito dessas olimpíadas. Então decidi correr atrás e participei de olimpíadas de vários temas, como robótica, linguística e biologia", diz Felipe. O jovem até criou site virandoolimpico.com com exercícios e aulas para quem quer participar destas competições.
Ansioso para esta nova fase de sua vida, Felipe colocou como foto do seu perfil no Facebook a frase "Partiu mudar o mundo".
Allan e mais cinco estudantesrepresentaram o Brasil nas Olimpidas de astrofísica na Grécia (Foto: Arquivo pessoal / Allan Costa)Allan Costa representou o Brasil nas Olimpidas de
astrofísica na Grécia (Foto: Arquivo pessoal/
Allan Costa)
De Bauru para Boston
Allan dos Santos Costa, de 17 anos, já foi notícia no G1 quando ganhou medalhas em olimpíadas científicas, entre elas um bronze na Olimpíada de Astrofísica na Grécia. "Essas olimpíadas atuam não só na parte do domínio do conhecimento, mas nos abre uma visão de mundo incomparável", destaca o jovem. "Temos contato com tecnologia de faculdade, algo que não encontramos no ensino médio, e fazemos um grande networking com gente de várias partes do mundo."
No MIT, Allan pensa em explorar áreas além das exatas. "Meu plano agora é fazer biotecnolgia e engenharia biológica. Seria meu curso principal. Quero fazer como curso secundários em humanas como relações internacionais e história ou em química."
O jovem pratica capoeira há dois anos e meio, e diz que o esporte foi fundamental no seu sucesso. "A filosofia da capoeira ensina a não querer lutar contra a vida, mas a dançar com ela. Temos de olhar os obstáculos não de forma agressiva, mas levar com fluidez e saber dançar como que a vida nos oferece."
Mateus Bezrutchka ganhou medalha em olimpíada de informática em Taiwan (Foto: Divulgação/Ioi 2014)Mateus Bezrutchka ganhou medalha em olimpíada
de informática em Taiwan (Foto: Facebook/
Divulgação/Ioi 2014)
De Taboão da Serra para os EUA
Mateus Bezrutchka, de 18 anos, começou a se destacar em olimpíadas de matemática no final do ensino fundamental. Ganhou uma bolsa de estudos do Colégio Etapa onde cursou todo o ensino médio. Este ano, passou no vestibular da Fuvest para o curso de ciências da computação da USP.
"Fiquei muito surpreso com minha aprovação no MIT. Tinha muita gente qualificada concorrendo", afirma Mateus. Filho de um dono de uma banca de livros e uma dona de casa, Mateus espera conseguir a bolsa integral para poder estudar no MIT. "Apliquei para outras universidades, mas o MIT é uma das minhas primeiras opções. Vai depender de conseguir a bolsa", afirma.
Desde pequeno Mateus gosta de mexer com computação. Ele se destacou em competições internacionais de informática e, no ano passado, ganhou a medalha de prata na Olimpíada Internacional de Informática realizada em Taiwan.
"O principal para conseguir um bom resultado na vida escolar é você descobrir o que realmente gosta de fazer", ensina Mateus. "As universidades americanas, pelo processo ser bem complexo, procura nãoapenas bons estudantes, mas alguém que tenha a paixão por alguma coisa. A minha paixão pela computação foi demonstrada."
Gustavo Torres da Silva, de 17 anos, quer fazer engenharia nos Estados Unidos (Foto: Victor Moriyama/G1)Gustavo Torres da Silva, de 17 anos, quer fazer
engenharia nos Estados Unidos (Foto: Victor
Moriyama/G1)
Do Capão Redondo para o mundo
O estudante Gustavo Torres da Silva, de 17 anos, já havia sido selecionado em dezembro em uma das mais renomadas universidades do mundo, a Universidade Stanford, nos Estados Unidos, para cursar engenharia física, e agora passou no MIT. Gustavo ainda não decidiu em qual universidade norte-americana vai estudar. Ele pretende fazer engenharia elétrica e computação.
Sobre suas conquistas, o jovem do Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, que ganhou uma bolsa de estudos para fazer o ensino médio no Colégio Santo Américao, no Morumbi, diz que todo sonho é possível. "Sou um cara normal vindo da periferia. Consegui chegar em uma coisa grande. É uma sensação boa saber que não é uma conquista só para mim, muita gente está se inspirando nisso", explica Gustavo.
COMO SE CANDIDATAR A UMA VAGA NO MIT
Para entrar no MIT, o aluno precisa passar por um processo de aplicação onde constam:
- ensaios escritos pelos jovens com temas definidos pelo Instituto
- dois exames específicos (matemática, física, química e biologia) chamados de SATII
- duas cartas de avaliação (uma de um professor da área de exatas e outra de um professor da área de humanas)
- entrevista
- histórico escolar do ensino médio
- preenchimento de dados biográficos e menção a trabalhos desenvolvidos na comunidade, nas áreas humana e científica
- prêmios obtidos, medalhas conquistadas em competições nacionais e internacionais, entre outras conquistas do candidato

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