Pular para o conteúdo principal

AS CHUVAS VÃO ROLANDO

MARCOS SOUTO MAIOR*


Os nordestinos, todo ano, sempre rezam com muita fé na volta com as águas dos céus, imprescindíveis para saciar a água de beber e, também para cozinhar a comida da família, na aguação das pastagens, do resto de gado magro, só com pele e osso, bem as frutas da época que não chegam a vir para servir os estudantes completarem em seus, respectivos colégios. Nessa derradeira colheita frutíferas, com o imbu, jaca, laranja, jaboticaba, cana, sapoti, caju, e tantas outras que nos deixa de água na boca... Mas a história do nosso povo e, mais destacado da américa latina, escreveram determinados, na cantoria dos repentistas e nos cordéis, para que as chuvas fossem abertas, pelas chaves do cinturão sagrado de São Pedro, a fim de as águas jorradas pelos céus, caíssem nos açudes, a partir dos meses finais de cada ano, indo seguinte entre o carnaval em todo país. Ainda menino, ouvia e até cantava as marchinhas das festividades momescas acompanhando e pulando blocos de folia de rua.

Nesta semana passada, tive a oportunidade de andar de carro com meus filhos, passear e olhar pelo sertão do nordeste, onde o verde brilhante forma um belo tapete, dando sinal de já ter começado a dar seus gostosos frutos naturais, que amadurecem junto da preciosa água pura e imaculada. Em algumas fazendas de conhecidos nossos, vimos na feição do matuto o sorriso alegre das chuvas inebriáveis que caem na terra para poder fazer o que sabe muito bem. Uma tapioca fininha com um pedaço de queijo de coalho na manteiga, acompanhada de um café com açúcar e uns goles de leite tirado da vaca pela manhã, é alimentação forte e gostosa! O saboroso ‘cardápio do matuto’, como assim se chamam, tem sim, supedâneo que são repassados pelas cidades banhadas pelo mar, numa junção eletrizante do Atlântico com o vigorante sertão do nordeste.

Marchinhas dos carnavais passados, ainda me lembro muito bem, quando em 1954, Waldir Machado e Zilda do Zé encantou o nosso povo, pelas ondas dos rádios AM, colocavam os discos de alta rotação, com a música ‘Saca, Saca Rolha’, onde ainda hoje cantam: “As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar, se eu passo a mão na saca saca-rolha, em bebo até me apagar, deixa as águas rolar.”  Já no ano seguinte de 1955, a fenomenal Carmen Costa compõe a eterna marchinha para enalteceu a figura do bêbado, assim consagrando: ‘Foi numa casca de banana que eu pisei, pisei, escorreguei mas quase cai, mas a turma lá de trás gritou, chi: tem nêgo bêbo aí, tem nêgo bêbo aí”.

Engraçado, que tudo era possível e tranquilo, naqueles saudosos tempos das músicas carnavalescas aplicando um sentido prático verdadeiro, com ares comediantes e também verdadeiro para não ter nenhuma intromissão de qualquer censura estatal, que pudesse desabafar o direito de cantar pelas ruas, praças e logradouros. O que era bom, acabou durante o movimento militar brasileiro de 1964, quando passaram a não se admitirem, nenhuma letra musical que pudesse dar qualquer sentido pejorativo, aos membros da liberdade de expressão. Atualmente, poderíamos ousar, em ter blocos de carnaval com muitas marchinhas engraçadas, bastando apenas, as frases sem sentido, mentirosas, corruptas e repetidas, pela dupla Lula e Dilma, gozada em prosa, versos, poesia e com muita sem-vergonhice, com aparições diárias da inexpressiva ‘VOZ DO BRASIL’, e nos horários pagos pelos cofres do país, onde as gargalhadas são redimensionadas para quem chegou a ver e ouvir.

O Carnaval brasileiro sempre foi cadenciado e sério, com prestações de contas à população, diferente das viagens dos poderosos do desgoverno e familiares, com jatinhos da FAB voando os desvios de verbas públicas enxovalhadas. E, assim, as chuvas vão rolando!
                                                                                          
*Advogado e desembargador aposentado

Comentários