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DIANTE DOS HUMILDES, DEUS ABRE O SEU CORAÇÃO

Por Rafael Tavares
Foto referencial

Rio de Janeiro, 01 Jun. 16 / 02:00 pm (ACI).- “Uma brutalidade, um ato desumano”, assim Maria Christina de Sá – membro do Conselho da Pastoral do Menor – classificou o estupro coletivo contra uma jovem de 16 anos ocorrido em uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro e que ademais foi filmado e compartilhado na internet. Para ela, este “é um ataque que não afeta apenas as mulheres e que merece o repúdio de todos nós”.

Maria Christina, que também é coordenadora do Passaporte da Cidadania da Arquidiocese do Rio de Janeiro, esteve com a jovem na secretaria de Direitos Humanos, em um encontro reservado no qual estiveram presentes também familiares da adolescente.

“O que vi – recorda – foi uma jovem de rosto tranquilo, mas angustiada com tantas entrevistas, questionamentos e muito abalada por tudo o que aconteceu e pelos ataques e acusações que vem sofrendo”.

O caso é agravado pelo fato de que imagens da jovem durante o estupro foram publicadas na internet, o que levou a adolescente primeiramente a prestar depoimento à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). A menina contou que no sábado, 21, teria ido à casa de um rapaz com quem se relacionava e só se lembra de ter acordado no domingo, 22, dopada e nua, em outra casa, cercada por 33 homens com fuzis e pistolas.

Ela confessou em entrevista ao programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, no domingo, ter se sentido acuada pelo delegado Alessandro Thiers, que a atendeu na DRCI, e ter tido a impressão que ele queria incriminá-la, insinuando que a adolescente teria agido com consentimento e atribuindo a ela parte da culpa. Ainda no domingo, a coordenação da investigação do estupro coletivo passou ser conduzida pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), sob responsabilidade da delegada Cristiana Onorato.

Após a divulgação do caso, o comportamento da jovem passou a ser questionado nas redes sociais e chegou-se a levantar ataques de que o ato teria sido consentido ou que fosse consequência das posturas dela.  As ofensivas ganharam ainda mais força após a publicação do laudo da perícia realizada na jovem que indicava não haver sinais de violência.

Na segunda-feira, a nova delegada responsável pelo caso declarou ter convicção de que houve um estupro coletivo e que o vídeo divulgado na internet era prova do abuso sexual, além do testemunho da vítima. No mesmo dia, a perita legista do Instituto Médico Legal (IML), Adriane Rego, afirmou que, de fato, não foi constatada violência física no exame, mas ressaltou que este foi feito cinco dias após o ocorrido. A delegada Onorato rechaçou veementemente a hipótese de que não houve crime devido à falta de lesões constatada na perícia.

No seu encontro com a menina, Maria Christina de Sá diz que teve “uma ótima impressão dela, como uma jovem que me passava doçura, mas que também expressava grande sofrimento pelos ataques que vem sofrendo”.

Ainda de acordo com a representante da Pastoral do Menor, a família da moça “também está muito abalada”. “O pai chora sem parar por tudo o que aconteceu a sua filha; a mãe também”, pontua.

Maria Christina observa que neste contexto, “parece que ninguém olha para a situação como algo dramático que pode acontecer com qualquer pessoa e ficam julgando a jovem”.

Entretanto, ressalta que o que está em questão neste caso é a violência sexual cometida por vários homens contra uma menina de 16 anos em um ato atroz.

“Em uma situação dessas, deveríamos nos questionar: que comportamento Jesus Cristo teria? Diante da mulher adúltera, Ele não a condenou, pelo contrário, disse: ‘se ninguém te condenou, eu também não te condeno, vá e não volte a pecar’”, acrescenta.

Após ter prestado o apoio e a solidariedade por parte da Pastoral do Menor da Arquidiocese do Rio, Maria Christina informa que a jovem segue amparada pela Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados do Governo Federal e que, com a família, vai deixar o estado do Rio de Janeiro pois teme pela própria vida.

A redação da ACI Digital entrou em contato com a assessoria do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, que afirmou que o Cardeal preferia não comentar o caso até então, mas reiterava seu absoluto repúdio a todo ato de violência cometido contra uma mulher.
Também contatada pela nossa redação, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não se pronunciou sobre o caso.
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