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Planta da Caatinga é usada no combate ao mosquito Aedes aegypti

A umburana de cambão é uma tradicional espécie vegetal da Caatinga bastante utilizada por artesãos na produção de artes sacras e das famosas carrancas. Agora, a planta nativa também vem se revelando uma arma poderosa contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika vírus, febre chikungunya e febre amarela.
De acordo com os resultados da pesquisada realizada por cientistas do Núcleo de Bioprospecção da Caatinga do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), essa espécie de planta tem a melhor eficiência na letalidade do mosquito.
O pesquisador do Insa Alexandre Gomes explica que os experimentos da umburana cambão mostraram que a solução do óleo da planta tem uma eficiência de 50% a partir de 90 partes por milhão, o que significa que apenas uma gota é suficiente para proteger uma caixa d'água do Aedes aegypti.
"O que a gente que é ter mais uma alternativa. Hoje, no mercado existe apenas o BPI (Bacilo Purigenes Israelenses). Em alguns lugares, a gente já vê resistência a essa substância. O mosquito reconhece o BPI e consegue enganar. Isso ocorre porque se usa o produto repetidas vezes", explica Alexandre, que reforça o perigo dessa resistência: mosquitos mais fortes.
Neste momento, a pesquisa - que começou em 2010 -, está na fase de formulação. Os pesquisadores estão formulando o produto e, em paralelo, realizando testes de letalidade com outros animais. Na avaliação, tudo é ponderado, desde o armazenamento da formulação até a interação no ambiente. "A ideia é que o biopesticida seja eficiente para o Aedes aegypti e não outros animais, como peixes, por exemplo. Ainda não temos essa resposta".
A expectativa é que se tenha um resultado final em, aproximadamente, dois anos. "A gente leva tempo para desenvolver um produto que atenda a todas as exigências. Precisa garantir efeito prolongado e apresentar efeito melhor do que o que já é oferecido", pondera Alexandre, ao deixar escapar que o cheiro característico da folha da árvore foi a pista para investigar as possíveis propriedades inseticida. Além da umburana, outras plantas do bioma se tornaram objeto de estudo.
Eficiência
Algumas plantas mostram aspectos promissores, como jatobá e o uricurí. No entanto, a de melhor eficiência foi a umburana. Por se reproduzir vegetativa e sexuadamente, também é uma espécie amplamente distribuída na Caatinga. "Não teríamos muitos problemas para utilizar a matéria-prima, que são as folhas. Estamos tentando criar um banco de extrato que facilite a pesquisa com outras universidades", finaliza Alexandre.

Diário do Nordeste

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