Pe. Geovane Saraiva*
Deus o envia a uma terra estranha
para proclamar o anúncio da justiça e da paz: torna-se malquisto pelo
sacerdote do lugar, que o tenta expulsar, mas Amós não se curva; ao contrário:
persiste com toda a força e lucidez, na graça da vocação divina, na obrigação
de falar, “sem medo de ser feliz” e com a liberdade de Deus e em nome de Deus,
não buscando o próprio interesse, querendo agradar e ser leal tão somente ao
seu Deus, na proclamação do seu projeto de amor, dizendo não a tudo que é
promiscuidade entre a religião e o poder.
Vem a público se manifestar,
repudiando e ao mesmo tempo se solidarizando com o Pe. Lino Allegri, sacerdote
fidei donum, nos seus 56 anos de ministério sacerdotal, diante de vândalos
bolsonaristas, incomodados com sua homilia, na solenidade de São Pedro e São
Paulo. Quanta desfaçatez sórdida, mesquinha, ignóbil e truculenta, sofrida pelo
sacerdote de 82 anos, no domingo, dia 4 de julho de 2021, após a missa, na
sacristia da Paróquia da Paz. Foram pessoas que se dizem boas e irmãos na fé, mas que
parecem mais malévolos facínoras, numa postura desintegrada e implacavelmente
bárbara, incomodados com a palavra de Deus que deve ser vivida e encarnada, a
partir da face reveladora, na vida dos pobres e excluídos.
Que a Igreja, para exercer com
firmeza e fidelidade a Deus sua missão profética, coloque na mente e no
coração, através dos seguidores de Jesus de Nazaré, as palavras do Papa
Francisco: “Um verdadeiro profeta é aquele que é capaz de chorar por seu povo e
também de dizer as coisas fortes quando for necessário. Não é morno, é sempre
assim, direto. É um homem de esperança”. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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