Pe. Geovane Saraiva*
Nossa missão aqui na terra é uma
contumaz e obstinada romaria, como na canção: “Sou caipira, Pirapora / Nossa
Senhora de Aparecida / Ilumina a mina escura e funda / O trem da minha vida”,
mas na esperança da feliz e eterna romaria. Eis o nosso maior desafio: o de
viver o Evangelho de Jesus. É mais que entendível e indiscutível o convite à
conversão do nosso coração, na alegria de sempre mais redescobrir o amor
verdadeiro, de nos inspirarmos no gesto da Mãe de Deus e de nos unirmos à
Igreja, que nos convida a caminhar juntos, pelos dons do Espírito Santo,
apropriando-nos da Solenidade de Maria, neste 12 de outubro, mês missionário.
Sabemos que cada pessoa, no
exemplo acima mencionado, ao mergulhar na sabedoria divina, quer mais e mais
exteriorizar, difundir e disseminar a ternura compassiva de Deus, carregando
consigo, neste mundo, o segredo de seu mistério ou a razão de seu encargo ou
dever de edificar o mundo e sua realidade contraditória. Embora se saiba que
são muitos os que se encontram na aridez do deserto, também no seu calor
escaldante e exaustivo procuram um poço de água, uma torrente miraculosa, no
sentido de jorrar água redentora, a mesma de Maria no Rio Paraíba. É o amor
transbordante de Deus que nos faz pensar, acima de qualquer metáfora ou
alegoria, no mistério da Mãe de Deus.
Neste mês missionário de 2022
somos convidados a abraçar a proposta do Evangelho de Jesus, na compreensão
generosa de que “A Igreja é missão”, “Sereis minhas testemunhas”, na ordem
vital e irrecusável de Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a
toda criatura” (Mc 16, 15). Que Deus nos conceda a graça da consciência de que
fomos criados para apreciar e valorizar seu Reino, em sua beleza, não num
sentimento de tristeza, nos limites precários e na transitoriedade da vida, mas
longe de ilusões e vantagens deste mundo, com um sentimento de viva esperança,
anunciada no Magnificat: “O Poderoso fez em mim grandes coisas. Seu nome é
santo e seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem”.
Aventura magnífica, a partir de
Michelangelo (1475-1564), pintor, escultor, poeta, arquiteto e gênio italiano,
ao retratar, evidentemente através da arte, essa tese, de um modo indizível,
mostra a Virgem Maria nas sete dores sofridas com o corpo de seu filho, Jesus,
morto em seus braços, após a crucificação, com dores colossais e descomunais,
que representam as dores da humanidade. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso,
blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana
de Letras de Fortaleza (AMLEF).
Excelente e dignificante esse texto da lavra do nosso escritor de escol Padre Geovane. Parabéns!
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