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Portugal: Patriarcado vai criar grupo técnico

 domtotal.com

Lisboa (SIR) – O Departamento da Pastoral Sócio Caritativa (DPSC) do Patriarcado de Lisboa vai criar um “grupo técnico” de apoio às instituições particulares de solidariedade social ligadas à Igreja Católica, para salvaguardar os direitos destes organismos perante o Estado. Em causa, segundo o cônego Francisco Pereira Crespo, estão situações como o não cumprimento das atribuições inerentes ao Estado na canalização de verbas essenciais para a sobrevivência das IPSS e para o desenvolvimento dos seus projetos junto das populações mais carentes. 

“No caso dos centros sociais paroquiais, o Estado deveria colaborar com 75 por cento do custo médio de cada utente, e não chega aos 30 por cento”, afirmou o diretor do DPSC. O grupo técnico que está sendo definido vai “estudar toda a parte legal” que diz respeito ao relacionamento das IPSS com a administração central, desde “protocolos, acordos de cooperação e portarias até ao contrato coletivo de trabalho”. 

A escassez de verbas nas IPSS do Patriarcado de Lisboa, que se tem agravado nos últimos “cinco ou seis anos”, tornou-se ainda mais evidente devido à situação econômica dos utentes. “Muitas famílias não podem pagar os apoios prestados, principalmente às crianças, que temos muitas, porque os pais estão desempregados ou o rendimento não chega”, sublinha o cônego Francisco Pereira Crespo. 

A questão da “sustentabilidade” das IPSS foi um dos eixos abordados durante um encontro de agentes pastorais sócio caritativos, promovido pelo DPSC, que juntou na sexta-feira em Torres Vedras mais de 400 pessoas. Durante o evento, organizado pelo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, foram debatidos os desafios atuais das instituições sociais ligadas à Igreja Católica, que abrangeram também os eixos da “identidade” e da “formação”. No que diz respeito à identidade, o cônego Francisco Pereira Crespo recorda que as IPSS católicas têm como principal missão “evangelizar pela caridade”, o que “nem sempre” acontece. “Lendo, ouvindo e vendo uma grande parte das instituições da região, verifica-se que elas, mesmo sendo da Igreja, não têm nada da Igreja”, afirma o responsável. 

Para mudar esta situação, o DPSC diz que é preciso “urgentemente promover um Serviço de Ação Social em cada paróquia, que proceda à animação e coordenação” dos projetos locais, adequando-os à “exigência” da fé cristã. Ao mesmo tempo, quer apostar na criação de “um perfil que dê às instituições uma expressão da Igreja comunhão e evangelização”. No que toca à questão da formação, ficou claro durante o encontro em Torres Vedras que as instituições apresentam lacunas ao nível da preparação dos seus recursos humanos. 

Por isso o setor de Pastoral Sócio Caritativa do Patriarcado de Lisboa vai “promover um encontro anual de formação para as direções dos centros sociais paroquiais” e uma “formação direcionada aos leigos”. “Há um imenso trabalho por fazer, inclusive com os utentes, na formação das crianças, dos pais das crianças, dos familiares dos idosos, ao nível das experiências sócio caritativas”, sustenta o cônego Francisco Pereira Crespo.
SIR

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