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Aos Bispos Italianos, Papa Francisco pede que se enfrentem as questões, mas sem romper a unidade e recorda quanto recomendava Paulo VI, há 50 anos



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Dirigindo-se nesta segunda-feira à tarde aos membros da Conferência Episcopal Italiana (CEI), na abertura da assembleia geral, Papa Francisco advertiu que os bispos devem estar próximos das dificuldades das famílias e dos desempregados.
“Entre os lugares em que a vossa presença me parece particularmente necessária e significativa – e a respeito da qual um excesso de prudência seria uma condenação à irrelevância – é a família”, declarou, considerando que os responsáveis católicos devem propor à sociedade atual a “centralidade e beleza” da família.
“Hoje a comunidade doméstica é fortemente penalizada por uma cultura que privilegia os direitos individuais e transmite a lógica do provisório”, observou. Neste contexto, o Papa pediu ainda uma atenção particular “sobre quem está ferido nos afetos e vê ficar comprometido o seu próprio projeto de vida”.
Na sua intervenção, que durou 32 minutos, o Papa falou de “emergência histórica” que “interpela à responsabilidade social de todos” e mencionou expressamente o drama dos imigrantes, a crise ecológica e “novas formas de marginalização e exclusão”. “A necessidade de um novo humanismo é gritada por uma sociedade sem esperança, abalada nas suas certezas fundamentais, empobrecida por uma crise que, mais do que económica, é cultural, moral e espiritual”, observou.
No início do discurso, o Papa gracejou com recentes artigos de jornais italianos que davam conta de uma alegada divisão no seio da presidência da CEI. “Na presidência, são todos homens do Papa, para usar esta linguagem política”, frisou, acrescentando que “a imprensa, às vezes, inventa muitas coisas”.
E declarou que, como bispo de Roma, espera dos membros do episcopado italiano que sejam “pastores de uma Igreja que é comunidade do ressuscitado”, insistindo na necessidade de uma relação pessoal entre cada bispo e Jesus Cristo.
O Papa defendeu um “forte e renovado espírito de unidade” na Igreja Católica na Itália, para evitar as tentações que “desfiguram” as comunidades cristãs, como “a coscuvilhice, as meias verdades que se transformam em mentiras, a ladainha das lamentações”, a inveja, os ciúmes ou a “ambição”. “Nada justifica a divisão”, insistiu.
A intervenção destacou a necessidade de participação e colegialidade para promover o “diálogo”. “É importante, numa assembleia, que cada um diga o que sente”, observou o Papa Francisco, evocando o que a esta mesma Conferência Episcopal disse Paulo VI, precisamente há 50 anos, em abril de 1964. Por sua vontade, este discurso do Papa Montini - bem atual, sublinhou - foi mesmo distribuído a todos os bispos italianos.Dirigindo-se nesta segunda-feira à tarde aos membros da Conferência Episcopal Italiana (CEI), na abertura da assembleia geral, Papa Francisco advertiu que os bispos devem estar próximos das dificuldades das famílias e dos desempregados.
“Entre os lugares em que a vossa presença me parece particularmente necessária e significativa – e a respeito da qual um excesso de prudência seria uma condenação à irrelevância – é a família”, declarou, considerando que os responsáveis católicos devem propor à sociedade atual a “centralidade e beleza” da família.
“Hoje a comunidade doméstica é fortemente penalizada por uma cultura que privilegia os direitos individuais e transmite a lógica do provisório”, observou. Neste contexto, o Papa pediu ainda uma atenção particular a “quem está ferido nos afetos e vê ficar comprometido o seu próprio projeto de vida”.
Na sua longa intervenção (mais de meia hora), o Papa falou de “emergência histórica” que “interpela à responsabilidade social de todos” e mencionou expressamente o drama dos imigrantes, a crise ecológica e “novas formas de marginalização e exclusão”. “A necessidade de um novo humanismo é gritada por uma sociedade sem esperança, abalada nas suas certezas fundamentais, empobrecida por uma crise que, mais do que económica, é cultural, moral e espiritual”, observou.

Na parte inicial da sua intervenção, o Papa gracejou com recentes artigos de jornais italianos que davam conta de uma alegada divisão no seio da presidência da CEI. “Na presidência, são todos homens do Papa, para usar esta linguagem política”, frisou, acrescentando que “a imprensa, às vezes, inventa muitas coisas”.
E declarou que, como bispo de Roma, espera dos membros do episcopado italiano que sejam “pastores de uma Igreja que é comunidade do ressuscitado”, insistindo na necessidade de uma relação pessoal entre cada bispo e Jesus Cristo.

O Papa defendeu um “forte e renovado espírito de unidade” na Igreja Católica na Itália, para evitar as tentações que “desfiguram” as comunidades cristãs, como “a coscuvilhice, as meias verdades que se transformam em mentiras, a ladainha das lamentações”, a inveja, os ciúmes ou a “ambição”. “Nada justifica a divisão”:

“A falta ou em todo o caso a pobreza de comunhão constitui o maior escândalo, a heresia que deturpa o rosto do Senhor e dilacera a sua Igreja. Nada justifica a divisão: mais vale ceder, é melhor renunciar, dispostos a carregar com uma injustiça – em vez de rasgar a túnica e escandalizar o povo santo de Deus”.

Papa Francisco não aceita a contraposição simplista entre “nós” e “os outros” ou a atitude de quem considera que já tem muito com que se preocupar e que portanto não tem nada que ver com os problemas alheios. A questão – insiste, citando o juízo final de Mateus 25 – é perguntarmo-nos: Temo eu o juízo de Deus? Ou mantenho-me no meu canto, sem atravessar a praça, limitando-me a uma expectativa estéril, à sombra da torre da paróquia, deixando o mundo seguir o seu caminho?

A intervenção destacou a necessidade de participação e colegialidade para promover o “diálogo”. “É importante, numa assembleia, que cada um diga o que sente”, observou o Papa Francisco, evocando o que a esta mesma Conferência Episcopal disse Paulo VI, precisamente há 50 anos, em abril de 1964. Por sua vontade, este discurso do Papa Montini - bem atual, sublinhou - foi mesmo distribuído a todos os bispos italianos

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