Pe. Geovane Saraiva*
Só quem é capaz de assimilar a grandeza de Deus, naquela compreensão do que é imprescindível num coração de pobre, que quer se fazer com Jesus despojado, que esteja apto a acolher essa grandeza divina, na pequenez da existência humana. Urge, portanto, manter a chama da vida interior, na contemplação silenciosa, no desejo de Jesus de Nazaré, de ser fermento na massa, fermento esse que precisa ser olhado, de tal modo que possa, sim, com sua ação generosa crescer e, misteriosamente, fermente toda a massa.
Como é maravilhoso quando as pessoas, e aqui o Pe. Giovanni Saboia de Castro em meio às situações de relativismo do mundo, com propostas ilusórias de métodos fáceis, descobrem nos místicos ou nos santos a importância da presença de Deus, de se encontrar e de se encantar com o Senhor, num entendimento consciente e cristalino, manifestado no paradoxo do cansaço, no que é passageiro! São aqueles que, de verdade, estão dispostos a se aventurarem ou querem andar na estrada do espírito, de no itinerário da vida interior caminhar pelos seus corredores, como no exemplo de tantos santos e santas que nos precederam, e que encontraram com seu apanágio no único necessário e absoluto: Deus.
Não escolhemos viver, mas vivemos e existimos. Que se convença sempre mais de que viver é pura gratuidade de Deus, mesmo em meio às precariedades da vida, constantemente ameaçada, mas sem perder a esperança na eternidade, na realidade terrestre, de no céu vermos Deus com a face descoberta (cf. 2 Cor 3, 18). Livrar dos desafios de tudo posto como empecilho ou limites, além de ferir, dividir e amarrar, como na seguinte afirmação: “Com as mãos cheias, com o gesto de prazeroso regozijo e ao mesmo tempo generoso, num imperturbável contentamento”[2].
A despeito do definitivo e da glória futura, no sonho da mais absoluta realização, como na assertiva de Leonardo Boff: “Concedei, Senhor, aos que estão morrendo e decidindo por vós, a graça de um rápido amadurecimento humano e divino, para que, num acendrado acrisolamento, possam desabrochar totalmente em vós”[[3]. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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