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Triste lembrança do passado

Pe. Geovane Saraiva*

Habitamos na Casa Comum, que é obra das mãos de Deus. Devemos protegê-la, mesmo diante da angustiante dor de nossos semelhantes enfermos e em guerra. As imagens nos chegam em tempo real, através da mídia corporativa ocidental; não é apenas uma lembrança do passado, mas se voltam em incalculável prejuízo para a vida da criatura humana e o futuro do planeta, em todos os conflitos espalhados pelo mundo. Horror, lágrimas, dor e tormentos sem fim contrariam a essência de homens e mulheres, que são imagem e semelhança de Deus, que é radicalmente sábio e bom, compassiva e afavelmente indulgente e clemente, dentro do Seu projeto de amor. Inúmeras são as ações e as distinções a serem feitas. Como realizá-las, então? Como conciliar as ações dos que buscam a paz, mas sem nunca prescindir das armas? A utopia parece mesmo remota e longínqua, perante o serviço inumano e bárbaro do conflito, até como pretexto para o desenvolvimento econômico: o lucro a qualquer custo.

Nossa mensagem quer chegar aos estimados leitores, mesmo quando a dor vem pelo sofrimento em enorme aperto, mais do que existencial, a partir dos corações dos irmãos lá no Leste Europeu, e na reflexão do Papa Francisco, com referência ao livro do Gênesis, na peripécia circunstancial, focado no dilúvio: “A nossa imaginação parece cada vez mais centrada na representação de uma catástrofe final, que nos vai extinguir. É o que acontece com uma eventual guerra atômica. No ‘dia seguinte’ – se ainda houver dias e seres humanos –, teremos de começar do zero. Destruir tudo, para recomeçar do zero”.

Convém pensar no momento atual, que é doloroso e crucial, pelo qual passa a humanidade. A partir do diálogo e da concórdia, que a solução para essa situação de calamidade seja providencialmente divina. Compreendamos o sentido da mais humana e radical solidariedade, na busca do sonho do amanhã, levando em conta o amor de uns para com os outros, na semeadura da boa semente: a da esperança. Que Deus nos ajude a superar todos os empecilhos. N'Ele contamos com a reconciliação em tempos de discórdia e ódio. Jamais se deve pensar e introjetar um negativismo, imaginando que será o fim.

No amor pela vida, sobretudo através da criatura humana, se repetem, no diálogo e na consonante concórdia, as condições, “sine qua non” como única arma possível para salvar o nosso mundo, num não às armas que nos incitam à luta. Procurar o diálogo, isso sim, nos coloca em humildade e amor, como o Senhor nos pede. Do contrário, se fica diante do vexame, ineditamente histórico, triste, penoso, e que vergonhosamente o tempo não irá apagar.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF

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