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Trabalho em cooperativa de recicláveis une mãe e filho depois de 21 anos

A catadora de materiais recicláveis Sandra Aparecida, 39 anos, de Nova Esperança, no noroeste do Paraná, esperava encontrar de tudo em meio ao lixo, que encara diariamente, há oito anos. Tudo, menos o filho que não pôde criar.
Há menos de um ano, ela reconheceu na Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Nova Esperança (Cocamare) o filho Leandro dos Santos Rosa, de 22 anos, de quem se separou há 21.
“Já vi mãe jogar o filho no lixo, mas encontrar nunca”, diz a catadora.
Quando o jovem apareceu na Cocamare em busca de trabalho, Sandra não teve dúvida de que conhecia aquele rosto. “Bati o olho nele e reconheci. Coração de mãe não se engana”, conta ela, que guardou por duas décadas uma foto do menino – a única recordação.
Daquele momento em diante, foram três dias sem conseguir se alimentar direito, tamanha ansiedade em colocar ponto final na espera. “Comentei com uma amiga e pedimos para ele [Leandro] trazer uma foto da infância. Não deu outra. Graças a Deus essa história teve um final feliz”, comemora, sem segurar emoção.
Leandro nasceu quando Sandra tinha 18 anos e outras quatro crianças. Ela conta que trabalhava em lavouras de mandioca e laranja, à época. “Eu não tinha condições de criar ele. Não tinha. Eu tive que doar meu filho”, recorda.
Por alguns anos, ela soube do paradeiro do menino e da nova família. Quando precisou se mudar para Cianorte, também no noroeste paranaense, perdeu o contato. “Quando voltei eles tinham mudado de endereço e eu não sabia como procurar”, diz.
 
Mãe e filho trabalham juntos em uma cooperativa de materiais recicláveis. (Foto: Gesli Franco/RPC)
Mãe e filho trabalham juntos em uma cooperativa de materiais recicláveis. (Foto: Gesli Franco/RPC)

Hoje, enquanto ela trabalha na esteira onde passam os materiais para separação, ele ajeita caixas de papelão na prensa, a poucos metros de distância. Tímido, o jovem esconde o olhar embaixo da aba do boné. A rotina de trabalho para ganhar cerca de R$ 800 por mês, no entanto, tem outro sentido para eles.
“Esse emprego rendeu. Agora, em vez de uma, eu tenho duas mães”, afirma Leandro. O jovem diz que também ganhou quatro irmãos, sobrinhos e um objetivo na vida. “A gente quer ser feliz, ter saúde e ficar em paz, mas juntos”, revela o jovem.

G1/PR

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