Por
ADMINISTRADOR
Unindo elemento de circo, teatro, música e dança, "Amado" cumpre curta temporada na Caixa Cultural Fortaleza
Em 2012, Jorge Amado chegaria ao seu centenário. Naquele mesmo ano, como forma de homenagear todo o legado do escritor baiano, surgiu "Amado", um romance-imaginário idealizado pelo Instituto Brincante (SP). A partir da costura de diferentes linguagens cênicas - como circo, teatro, música e dança -, o grupo constrói uma história que referencia várias obras do autor, traduções importantes da alma e da vida do povo brasileiro.
Agora, a montagem chega a Fortaleza, no teatro da Caixa Cultural, em sessões de 26 a 28 de outubro. No palco, o público poderá assistir a um verdadeiro livro vivo. Rosane Almeida, diretora do Instituto Brincante, assina o roteiro, a montagem e a direção do espetáculo. "Tive a felicidade de ficar dois meses na praia lendo todos os livros de Jorge Amado. Fui selecionando os personagens e como eles se relacionam com todos os tipo de amor", explica.
Assim, as cenas trazem textos criados a partir dessas escolhas, sempre abordando a temática amorosa e seus conflitos. "Meu critério era usar o que não foi feito ainda, o que passou despercebido pelo olhos do público. Sabia que ia se chamar 'Amado', esse era o tema que queria fazer", comenta.
O trabalho teve consultoria artística do músico recifense Antônio Nóbrega. Ao todo, nove atores e atrizes dão vida aos personagens, que se entrelaçam durante toda a narrativa. Rosane explica que o enredo surgiu das características que Jorge Amado usava para criar suas obras. "Ele nunca pegava uma história do começo ao fim. Começava desenhando as cenas, os ambientes, e lá para o meio ele montava o enredo e o resolvia", justifica. "A gente procurou fazer exatamente isso. São várias esquetes, e no meio da peça, selecionamos uma história para sintetizar o amor. A escolhida foi 'Os Velhos Marinheiros', que carrega a relação da paixão do capitão pelo mar", completa.
O espetáculo também traz personagens icônicos de "Gabriela Cravo e Canela", "Tenda dos Milagres", "Tocaia Grande", "Terras do Sem Fim", "A morte e a morte de Quincas Berro D'água", "Jubiabá" e "Dona Flor e seus Dois Maridos".
Elementos
Assinado pela premiada Marisa Bentivegna, o cenário é recriado com materiais buscados em demolições - basicamente pallets - que auxiliam a contar o enredo. Já o figurino traz a essência da época vivida pelo escritor baiano e as obras do pintor Carybé, nome artístico do argentino Hector Julio Páride Bernabó, que era amigo de Amado. O resultado apresenta pinturas, gravuras, ilustrações, murais e esculturas que desvendam o povo da Bahia de maneira singular.
A trilha sonora, interpretada ao vivo em quase todo o espetáculo, é um resumo dos diversos ritmos brasileiros, explorando também a música instrumental. "As composições são inspiradas na música popular do País, como Chico Buarque e Dorival Caymmi. Elaboramos tudo a partir desse universo", explica Rosane.
As letras transmitem poeticamente as passagens mais significativas das obras do autor. "Somos inspirados na diversidade das linguagens artísticas, nessa capacidade de sintetizar tudo em uma única atividade, o canto a dança, a música, o circo e o teatro, além da maneira muito rica de apresentar os textos, com improvisos e poesia", pontua Rosane.
Além de ser uma bela homenagem ao escritor, "Amado" consagra artistas como os ilustres Darcy Ribeiro, Guimarães Rosa e Anísio Teixeira, e os já citados Dorival Caymmi e Carybé.
Contato com o público
Na sábado (27), após a peça, o público poderá participar de um bate-papo com a direção e os atores que integram "Amado". "Estamos disponíveis para conversar sobre arte, sobre o Brasil, cultura e o momento que vivemos atualmente. Vamos responder a perguntas que ficam a critério do público. Desde a estreia realizamos essa conversa, porque o espetáculo é muito diversificado e uma das curiosidades é saber como fazemos isso", explica a diretora.
Diário do Nordeste
- Gerar link
- Outros aplicativos
Marcadores
Literatura
Marcadores:
Literatura
- Gerar link
- Outros aplicativos
Comentários
Postar um comentário