Santíssima Trindade, mistério de
amor
Pe. Geovane Saraiva*
A tarefa humana, no seu
significado mais elevado e insubstituível, no bom desempenho de bem
corresponder ao seu sagrado desígnio redentor, encanta infinitamente a criatura
humana, que é devedora a Deus, no seu mistério inefável, voltado à humanidade,
numa atenção amorosa e na solicitude paternal. Em Francisco de Assis vemos a
docilidade do nosso Deus, uno e trino: “Torne-se luminoso em nós, Senhor, teu
conhecimento, a fim de que possamos compreender a amplitude de teus benefícios,
a extensão de tuas promessas, a sublimidade de tua majestade e a profundidade
dos teus juízos”[3].
Na fonte de todo dom e todo bem,
a Igreja estende e eleva seu olhar ao mistério primordial do cristianismo, a
Trindade Santa, mas no renovado convite aos fiéis, de cantar os louvores de
Deus: “Glória ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo, ao Deus que é, que era e que
vem”. Na beleza do mistério da vida humana, que se possa contemplar a relação
intrínseca e afeiçoada, em Deus, no mistério da Santíssima Trindade, na nossa
condição existencial e contingente, porque Deus o quis, na sua imperscrutável
providência. Eis o desafio: mergulhar na sua verdadeira sabedoria, que é dom de
Deus, pela qual o homem fica predisposto e suscetível diante da vontade de
agir, segundo o plano salvífico de Deus.
Jesus confia a seus discípulos a
excelsa missão de fazer todos os povos conhecedores do seu santo nome, pelo
batismo e pelo ensinamento do Evangelho, na sua ordem categórica de batizar:
“Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo”[4].
E assim foi feito desde o início da Igreja. De fato, se entendeu; essa fórmula
faz parte da forma essencial do sacramento, sem a qual ele não ocorre
validamente, precisando que se administre na autoridade de Jesus.
Batizar em “nome de Jesus de
Nazaré” quer expressar, sem deixar dúvida na sua definição, a consagração e
marcar pelo referido sacramento naquele, cujo nome é pronunciado com persuasão,
transparência e esmero. As três pessoas são nomeadas, evidentemente, no batismo
como pessoas divinas, porque o batismo é uma consagração a Deus, que ao Filho e
ao Espírito Santo é atribuída, na mesma dignidade do Pai, que sem dúvida alguma
é Deus.
A despeito da Trindade Santa, os
padres da Igreja concluíram o direito que o Filho e o Espírito Santo carregam
consigo, que é a mesma essência do Pai, sendo, portanto, os três absolutamente
iguais. Dúvidas constataram-se com frequência no decorrer da nossa civilização
cristã, a partir da definição teológica acima, depois do Concílio de Niceia[5].
A partir da posição, ou crença, ou mesmo circunstância, essa definição teria
sido inserida no Evangelho de São Mateus. Certamente ela é arcaica ou
anacrônica e não corresponde ao que é autêntico e verdadeiro, sendo que os
antigos manuscritos e traduções atestam o contrário, de um modo inequívoco.
Assim, convém que se diga: suas
relações uns com os outros são consideradas como um todo, coiguais, coeternos e
consubstanciais. Agora, “cada um é Deus, completo e inteiro”, sendo que toda a
obra da criação e da graça é vista como uma única operação comum de todas as
três pessoas divinas, que cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na
Trindade, de modo que todas as coisas são “a partir do Pai”, “através do Filho”
e “no Espírito Santo”. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
Comentários
Postar um comentário