O olhar para o outro, atencioso e aberto, carrega uma admirável liberdade e a entrega inexprimível Um negro lindo me ofereceu flores de lata e comprei logo uma dúzia num ímpeto de galanteio à moda antiga Pablo Pires Fernandes* Estava sentada no último banco, no fim do balcão. O bar vazio, ela conversava com meu amigo, o dono. Não notaram minha presença até que falei com uma naturalidade incomum: “Este lugar é meu”. Sorriu e retrucou que aquele banco era dela desde sempre. Puxei o do lado, pedi um chope e me sentei ali, ao lado de Luciana pela primeira vez. Depois do primeiro beijo, do coração acelerado, as noites se encheram de ansiedade, mistura de expectativa e curiosidade, boas e temerosas ao mesmo tempo. Mas eu dormia com um sorriso no rosto como se fosse um adolescente e me deixei levar. Numa noite sedutora, um negro lindo me ofereceu uma flor de lata e comprei logo uma dúzia num ímpeto de galanteio à moda antiga. Ele me disse, estupefato ao ver o gesto, que eu e
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza