Vale a pena conhecer o Peru. Oferece muito além da intrigante Machu Picchu.
O Peru oferece uma das maiores diversidades geográficas e climáticas da Terra
Por Luís Giffoni*
O Peru anda bem à mostra, com o mundo de olho nele. Se você deu um sorriso maroto, esclareço: o Peru em questão é a nação sul-americana que realizará em 5 de junho o segundo turno das eleições presidenciais. O país, pouco divulgado entre os brasileiros, é bem conhecido das nossas grandes empreiteiras. Até o José Dirceu andou dando as caras por lá, suspeito de trabalhar para elas. Os peruanos juram que a cópia do Cristo Redentor instalada em Lima foi um agradecimento verde-amarelo pelas generosas benesses financeiras oferecidas pelo ex-presidente Alan Garcia a uma construtora baiana. Se verdade, é a primeira propina religiosa de que ouço falar.
O atual presidente, Ollanta Humala (atenção, por favor: é Humala, não O Mala), aparece envolvido, por incrível que pareça, na Lava Jato, graças a outra empresa baiana, por coincidência da construção pesada. Humala deu doze horas de depoimento aos investigadores locais. A mulher dele seria o aviãozinho da grana. Uma santa. Já ouvi esta história antes.
Quem chega a Lima costuma estranhar os cartazes no aeroporto: "Perú para todos". Não se assuste. Mera coincidência de nomes. Nas ruas, a frase é mais higiênica: "Mantenga el Perú limpio". Sim, por que não? No entanto, os peruanos não seguem a recomendação. Os lixões proliferam de Norte a Sul do país. Mais que no Brasil.
Vale a pena conhecer o Peru. Oferece muito além da intrigante Machu Picchu. Possui uma das maiores diversidades geográficas e climáticas da Terra, da Floresta Amazônica à neve eterna, do deserto escaldante às praias com excelente surfe. Sua espinha dorsal, a Cordilheira dos Andes, é para mim a maior atração. Cruzá-la significa se embevecer com mais cartões-postais que nos Alpes ou nos Himalaias. Uma de suas montanhas, o Alpamayo, pirâmide quase perfeita, foi considerada a mais bonita do mundo. De fato, encanta pela beleza. Lembra um picolé triangular coberto de marshmallow e açúcar de confeiteiro.
Um dos cafundós mais remotos e charmosos também é peruano, a Cordilheira Huayhuash, tão afastada que abrigou, por algum tempo, o esconderijo do Sendero Luminoso, grupo terrorista dizimado pelo ex-presidente Alberto Fujimori.
Por falar em Fujimori, hoje preso sob diversas acusações de autoritarismo, violação de direitos humanos e corrupção, volto ao Peru em evidência. A filha de Fujimori, Keiko, aos 40 anos disputa o segundo turno das eleições presidenciais com o economista Pedro Pablo Kuczynski, 76, ambos da direita, depois que a esquerda naufragou na preferência dos eleitores. Os dois candidatos, hoje empatados nas pesquisas, lutam para se desvencilhar do passado. Ela, da figura ditatorial do pai. Ele, do envolvimento com propinas brasileiras. Só falta agora revelar que os marqueteiros são baianos.
O atual presidente, Ollanta Humala (atenção, por favor: é Humala, não O Mala), aparece envolvido, por incrível que pareça, na Lava Jato, graças a outra empresa baiana, por coincidência da construção pesada. Humala deu doze horas de depoimento aos investigadores locais. A mulher dele seria o aviãozinho da grana. Uma santa. Já ouvi esta história antes.
Quem chega a Lima costuma estranhar os cartazes no aeroporto: "Perú para todos". Não se assuste. Mera coincidência de nomes. Nas ruas, a frase é mais higiênica: "Mantenga el Perú limpio". Sim, por que não? No entanto, os peruanos não seguem a recomendação. Os lixões proliferam de Norte a Sul do país. Mais que no Brasil.
Vale a pena conhecer o Peru. Oferece muito além da intrigante Machu Picchu. Possui uma das maiores diversidades geográficas e climáticas da Terra, da Floresta Amazônica à neve eterna, do deserto escaldante às praias com excelente surfe. Sua espinha dorsal, a Cordilheira dos Andes, é para mim a maior atração. Cruzá-la significa se embevecer com mais cartões-postais que nos Alpes ou nos Himalaias. Uma de suas montanhas, o Alpamayo, pirâmide quase perfeita, foi considerada a mais bonita do mundo. De fato, encanta pela beleza. Lembra um picolé triangular coberto de marshmallow e açúcar de confeiteiro.
Um dos cafundós mais remotos e charmosos também é peruano, a Cordilheira Huayhuash, tão afastada que abrigou, por algum tempo, o esconderijo do Sendero Luminoso, grupo terrorista dizimado pelo ex-presidente Alberto Fujimori.
Por falar em Fujimori, hoje preso sob diversas acusações de autoritarismo, violação de direitos humanos e corrupção, volto ao Peru em evidência. A filha de Fujimori, Keiko, aos 40 anos disputa o segundo turno das eleições presidenciais com o economista Pedro Pablo Kuczynski, 76, ambos da direita, depois que a esquerda naufragou na preferência dos eleitores. Os dois candidatos, hoje empatados nas pesquisas, lutam para se desvencilhar do passado. Ela, da figura ditatorial do pai. Ele, do envolvimento com propinas brasileiras. Só falta agora revelar que os marqueteiros são baianos.
*Luís Giffoni é cronista, romancista e contista. Tem 25 livros publicados.
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