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PARSIFAL

Grecianny Carvalho Cordeiro*

Parsifal é um personagem das histórias cavalariças, cujos heróis tinham por características inatas a honra, a bondade, a coragem, a altivez.
Criado pela mãe na floresta, Parsifal estava longe de guerras, de lutas, de cavaleiros e da maldade humana. 
Certo dia, ele deslumbrou-se ao ver a marcha de vários cavaleiros passando pela floresta. Os cavalos, as roupas, as armaduras, as armas, tudo aquilo o fascinou.
Parsifal soube que para sagrar-se cavaleiro deveria ter um coração puro, cuja missão seria defender os fracos, reparar as injustiças, lutar pelo ideal de justiça. Ele percebeu ser talhado para aquela função e decidiu procurar o rei Artur.
Sagrado cavalheiro, coube a Parsifal a tarefa de encontra o Santo Graal, o cálice usado por Cristo na Última Ceia e levado por José de Arimateia para ser protegido, uma vez que continha o sangue que fluía do corpo do Salvador. Contava a lenda que, ao morrer, José de Arimateia fora erguido aos céus pelos anjos e a taça derramou o sangue sobre a terra, salvando-a da destruição.
Os anjos ordenaram a Titurel, pai de Amfortas, que construísse um castelo capaz de guardar essa relíquia sagrada, na montanha mais alta chamada Mont Salvat, um lugar místico que se tornaria sagrado, onde emanavam poderosas forças espirituais. 
Pela lenda, aquele que guardasse o Santo Graal ficaria livre de toda e qualquer impureza. Mas a honra de chegar ao castelo somente seria dada àquele que fosse digno de tamanha glória pelas suas próprias virtudes.
Parsifal conseguiu chegar ao castelo onde vivia o rei Amfortas, que sofria terríveis dores em virtude de uma lança envenenada que o atingira e, segundo a lenda, somente seria curado se um cavaleiro pudesse ouvir a voz de Deus e ver o milagre do Santo Graal.
No entanto, Parsifal ainda não estava preparado para tamanha glória. Se sentindo fracassado por não ser digno de presenciar o milagre do Santo Graal, saiu pelo mundo, desesperado, desiludido.
Ao se deparar com um eremita, Parsifal ouve suas palavras sobre Jesus e então compreende a grandeza de sua mensagem e de sua fé, abraçando-a com fervor, sentindo a alegria invadir as profundezas de sua alma. 
Renovado pela fé, Parsifal segue confiante de volta ao castelo do Mont Salvat. Quando finalmente se aproxima do Santo Graal, sua fé é tão imensa que o sofrido rei Amfortas se recupera de sua ferida.
A fé e a pureza da alma fazem milagres. Talvez o mundo esteja precisando de  cavaleiros como Parsifal.

*Promotora de Justiça, escritora e presidente da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza

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