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Mostrando postagens de junho 16, 2020

A Caixa Modernista

Sinto-me tão-somente triste e indignada pelo estado atual de nosso país Caixa Modernista foi publicada em 2003 pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Edusp/UFMG e é um 'museu portátil' (Eleonora Santa Rosa) Eleonora Santa Rosa* Em semana de temporada nostálgica, a vontade de mergulhar em períodos históricos ricos culturalmente, repletos de ideias, experiências de alta potência artística e intelectual, de bons embates acadêmicos de ordens diversas. Tempos de um Brasil mais instigante, provocativo, não acomodado e mediocrizado, sem paciência ou cerimônia com simplórios, despreparados e caricatos governantes, de um país brilhante e descortinador, de produção cultural de excelência, de arte de ponta, de polêmicas, críticas e profusa produção de ensaios e reflexões, de cadernos de cultura que mereciam esta designação, de repertório de gente inteligente, arguta, de pena e língua afiadas, que não afinava na primeira divergência e assumia os riscos de nadar contra a ma

Velho e inútil

Vivemos em uma sociedade predadora que só cultiva o jovem, o belo, o 'momentoso' Envelhecer é acumular lembranças (Unsplash/ Sam Wheeler) Ricardo Soares* O texto da mulher surgiu assim de supetão na rede social, navegando a esmo. O nome da autora de sorriso simpático é Elaine Tavares e pouco sei além disso e do fato de que ela tem mais de 40 amigos em comum comigo e deve viver no sul do Brasil. De um jeito belo e contundente ela redigiu uma maravilha sobre a velhice que ao mesmo tempo era uma forma de homenagear seu velho pai de 88 anos. O texto tem um mês que foi escrito e, com justiça, parece que viralizou. Chama-se  Ser velho e inútil . É fácil de  localizar , portanto não vou empanar seu brilho. Procurem direto essa fonte que é melhor do que qualquer coisa que eu possa escrever aqui a respeito. Já deitado na noite do dia dos namorados – sem namorada – trombei com o texto e antes que pudesse começar a chorar compartilhei com amigos da tal rede social que mais tr

As tecnologias invasivas são um progresso ou uma calamidade?

O dilema não é novo e a solução não é fácil; uma técnica deve ser adotada só porque se torna possível, ou há que considerar as suas implicações éticas? As questões de privacidade hão-de atormentar-nos para o resto da vida, e cada vez mais (Unsplash/ Henry Perks) Podemos considerar um exemplo extremo para compreender a questão. Suponha-se que é possível determinar o sexo e outras características (inteligência, aparência) de um feto. A tentação que se coloca aos pais é compreensível, mas será que deveriam mudar artificialmente uma vida criada aleatoriamente (enfim, pela mistura de DNAs), de acordo com as suas preferências? Este exemplo não é, aliás, do ramo da ficção científica; estamos cada vez mais próximos dessa possibilidade. Já anteriormente se tinha levantado um dilema semelhante quando se tornou possível criar um feto numa chamada "barriga de aluguel", ou, ainda mais atrás, quando se desenvolveu a inseminação artificial. Nestes, como noutros casos, levantaram-