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Mostrando postagens de abril 21, 2020

O semear do classicismo na sociedade brasileira

Carlos Delano Rebouças* O grande mal que assola a sociedade brasileira é, indubitavelmente,  o intenso e ininterrupto investimento na sua divisão de classes.  O classicismo social agrada, sobretudo, a um determinado tipo social classificado como mediano. Uma classe média que não aceita e jamais aceitou uma possível aproximação das que enxerga inferiores, por exemplo, nos quesitos posses e bens.  Essa evidência ainda é maior naquelas pessoas que há não muito tempo conheceram a realidade difícil das classes menos privilegiadas, sem nunca terem aceitado a sua realidade, muito pelo contrário, desenvolveram sentimentos nada salutares para o bom convívio social, fazendo fluir a intolerância e a resistência que se revelam pelo ódio demonstrado muitas vezes do nada, absolutamente órfãs de  justificativas sensatas. Tudo paira na esfera do surreal. Infelizmente esse classicismo se manifesta em vários cenários sociais: no mercado de trabalho, na escolha de um amigo, no bar que

Os 80 anos de Orides Fontela, devota irretocável da palavra e do silêncio

Por  Diego Barbosa ,  diego.barbosa@svm.com.br Importante voz da literatura brasileira, a autora paulista, falecida em 1998, completaria oito décadas de vida neste 21 de abril; admiradores e pesquisadores de sua obra, dentre eles cearenses, destacam a amplitude do que ela escreveu É sempre tempo de celebrar a poesia e os poetas, sobretudo aqueles que, de maneira radical, viveram de e para o verbo em versos.  Orides Fontela  enquadra-se neste perfil. Paulista de São João da Boa Vista, foi daquelas pessoas capazes de questionar padrões e definir novos rumos no ofício literário que, com esmero e talento, tão singularmente construiu.  “Ela ainda enfrentou a dura tarefa de ser filósofa no Brasil. Recusou-se ao matrimônio e a ter filho em um país machista como é o nosso. Além disso, foi muito pobre. Alguém que teve uma vida tão dura e   produziu uma poesia que quase flutua de tanto estado vertical , ascendente, deve ser sempre festejada”, afirma Gustavo de Castro, poeta, escrit

Como seria o encontro de Lampião com o coronavírus

Por  Melquíades Júnior ,  verso@verdesmares.com.br   Na quinta crônica do projeto Histórias de passar os dias, o cangaço recebe a visita do indesejável coronavírus. E Lampião vive o dilema de ser valente ou inteligente Foi só ele chegar, correu o alvoroço: a mãe com a chinela na mão bota menino pra dentro;  vaqueiro tira gibão  e corre pro isolamento. O padre entrou na batina, a tartaruga no casco, a galinha escondeu o ovo, o pinto não deu um piu, o grilo não deu um 'criu', o preso implorou ao delegado: "não me tire daqui, viu?". O medo estava se espalhando pelo mundo, ninguém mais podia sair de casa. O comércio estava fechado. O  portão estava trancado . Dos telhados não se ouvia nem miado. - Muito bem, gosto de ver assim. Taí uma coisa que gosto é o povo com medo de mim, convenceu-se Lampião. - Vai pra dentro, abestado, gritou alguém de longe. - Quem foi esse fi duma égua que gritou? - Capitão, tá meio estranho. O gerente do banco sumiu, o pref

Ilustrador de "Tom e Jerry" e "Popeye", Gene Deitch morre aos 95 anos

O profissional produziu cartoons para diversos estúdios, como a Columbia Pictures e a Paramount Pictures Gene Deitch era um norte-americano que vivia há décadas em Praga (Foto: Reprodução/DVTV) O ilustrador e diretor de animação, Gene Deitch, morreu aos 95 anos durante a madrugada da sexta-feira, 17, em seu apartamento em Praga, na República Tcheca. Seu editor, Petr Himmel, disse à imprensa que a situação foi inesperada, mas não deu mais informações. Episódios de Tom e Jerry foram feitos por Gene Deitch (Foto: Reprodução/Adorocinema) Episódios das clássicas séries infantis  Tom e Jerry  e  Popeye  foram dirigidos por ele. Essas comédias, apesar de criadas em meados do século XX, ainda hoje são transmitidas na televisão por suas histórias atemporais. Deitch ainda dirigiu um desenho próprio,  Munro . O curta-metragem tchecoslovaco conta a trajetória de uma criança que é recrutada para o Exército dos Estados Unidos. Apesar de ter apenas quatro anos, os adultos não percebem

Tornar efetiva a esperança

Deixemos que o melhor que há em nós seja interpelado pela urgência desses tempos O que nos levará a sair vitoriosos e salvos dessa crise é a responsabilidade (Rose Erkul / Unsplash) Felipe Magalhães Francisco* O bom senso e, mais que isso, a responsabilidade, tem feito com que os que podem fiquem em casa. O isolamento é fundamental para o achatamento da curva do pico de contaminação com o Covid-19: isso já tem sido um refrão exaustivamente repetido, e que deve continuar sendo. Há muita gente não levando a sério a gravidade da situação. Há cidades em nosso país sem condições mais de receber pacientes que necessitem de leitos de UTI: e isso só tem um significado, que é que algumas pessoas morrerão sem terem recebido o tratamento adequado. As pessoas que podem, devem manter o isolamento, em cuidado para com as próprias famílias; para com aquelas pessoas que têm doenças crônicas; para com aquelas que são do grupo de risco; para com as pessoas que continuam a trabalhar, prestando

MARIA BONITA

“Maria Bonita, sexo, violência e mulheres no cangaço” é um excelente livro da autora paulista Adriana Negreiros, que aborda a vida no cangaço sob um enfoque diferente daquele que costumamos ler: a perspectiva das mulheres. A autora, como não poderia deixar de ser, dá uma atenção especial a Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria de Déa, que viria a ser a companheira de Lampião e, por isso, a Rainha do Cangaço. Seria somente após a sua morte, em 28 de julho  de 1938, aos 28 anos de idade, que Maria de Déa entraria para a História como Maria Bonita. Maria Bonita nasceu em Malhada da Caiçara, no município de Paulo Afonso- BA, em 17.01.1910. Casou aos 15 anos de idade com um primo, Zé de Neném, mas o casamento era desarmonioso. Na época, Lampião já inspirava temor, respeito e fascínio no sertão nordestino, então, em 1929, tomada de paixão pelo Rei do Cangaço, Maria de Déa largou o marido e foi viver com Lampião. Adriana Negreiros relata as diversas atividades e histórias

21 de abril – Dia de Tiradentes

Por que 21 de abril? No dia  21 de abril  é feriado no Brasil porque se comemora o  Dia de Tiradentes . A data remete ao dia da morte do mineiro  Joaquim José da Silva Xavier , o que ocorreu em 21 de abril de 1792. Joaquim José foi um dos líderes da  Inconfidência Mineira . Era conhecido pelo apelido “Tiradentes” e foi tido por muitos como um “herói nacional”. Quem foi Tiradentes? Tiradentes nasceu na  Capitania de Minas Gerais , em 12 de novembro de 1746, na época do período colonial do Brasil. Entre as muitas profissões que exerceu, estava a de dentista amador, por isso recebeu o apelido de “Tiradentes”, pelo qual se tornou conhecido. Foi, porém, na carreira militar que Tiradentes fixou-se como profissional. Ele fez parte da cavalaria de  Dragões Reais de Minas , no posto de  alferes  – uma patente abaixo da de tenente. Os Dragões eram uma companhia militar formada por portugueses e brasileiros que estava submetida à autoridade da Coroa lusitana e atuava na Colônia (...).