Julio Lossio* Em transe vago por minha imaginação. Começo a ver imagens embaralhadas do NATAL. Logo identifico o NATAL COMERCIAL. Nas casas dos privilegiados, luzes de todas as cores fazem a noite clara como o dia. Dentro, os convivas banqueteiam-se e jogam as sobras no lixo. Rios de espumantes correm a céu aberto. Na Árvore de Natal os presentes, e, a um comando, todos são abertos e os risos correm solto. Roupas, objetos e brinquedos antigos vão para o fundo de armários e nunca mais são usados. É a ostentação do consumismo. Próximo dali, numa casa de taipa, uma única luz brilha como um pirilampo. Me aproximo e vejo uma vela.Adultos e crianças famintas mostram os ossos sob a pele. Todos, maltrapilhos. Crianças brincam com ossos, simbolizando os bovinos e equinos, que sonham ter algum dia. Todos olham para os céus pelas frestas do telhado, buscando o Papai Noel. Ele nunca passa ali. Lembro do desperdício dos abastados. Quantas famílias não teriam a fome saciada, somente com o que foi j
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza