por João Soares Neto - Especial para o Caderno 3 Natércia Campos na ocasião de sua posse na Academia Cearense de Letras (ACL), em 2002 Permito-me escrever no presente, amiga Natércia. Como se você estivesse aqui - e quem ousa dizer: não está? - e auscultasse o coração de cada de um de nós. Você vive. Vive nos filhos concebidos, criados e já ramificados em outras vidas. Nos amigos cultivados, nos livros bem urdidos e festejados. Nesse tempo todo de viver, se conhece muita gente. Algumas são especiais. É seleção natural, não adianta forçar. Nestes seus 80 anos, estamos juntos. O válido na amizade é o selo do entendimento sem mentira, trama, desonestidade ou interesse. É, acima de tudo, o enlevo de saber-se ligado, legitimado, sem ser usado. Amigos despejam bálsamos na ebulição da nossa desventura. Funcionam como moderadores e podem até fazer ar de censura, sem dizer palavra. Você é isso. Não é amigo quem fuxica, intriga, ostenta, disputa, bajula e açula. Ter amigos como você