Em pleno trânsito, quando o semáforo abre, o condutor de um veículo não consegue dirigir. As pessoas, irritadas, começam a xingar, apertam as buzinas de seus ca rros, raivosos com o homem que está atrapalhando suas vidas, seus compromissos... Esse homem – o primeiro cego - é subitamente acometido por uma cegueira branca, como se fora um “mar de leite”. Ajudado por um homem, é levado para sua casa. Por trás dessa caridade, o outro se aproveita e furta o veículo do cego. A partir daí, em face de uma sequência de contatos feita com o primeiro cego, as pessoas vão se contagiando: o ladrão do carro, a esposa do primeiro cego, o oftalmologista que o atende, uma mulher de óculos escuros, um homem com uma venda preta, um rapazinho estrábico... exceto, a esposa do médico, a única a não cegar. Nenhum dos personagens tem nome. Nem precisaria, pois a atitude de cada um, diante da pandemia de cegueira a desafiar a Medicina, age como agiria qualquer ser humano quando em situação extrema, mos
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza