Ao vagar por ruas e pensamentos, preferia ser como o anjo de bronze do túmulo da família, que acabou sendo roubado Não chorei por ele, mas por mim que não tenho asas. Voar, pois, é uma ação imprecisa. (Elesban Landero Berriozábal / Unsplash) Ricardo Soares* Março frio e atípico. Prenúncio precoce de inverno rigoroso. Me estico em um velho sofá vermelho que veio de Brasília, onde ela e duas amigas se sentaram para trocar confidências. Uma das amigas tinha sobrenome tão francês que está gravado até no Arco do Triunfo em Paris. Com este março frio e atípico, inauguro novas dores nas juntas e imagino unguentos e novas fórmulas que me tirem aflições, inclusive as da alma. A alma vaga pela avenida Antonio Carlos em Belo Horizonte, mas também se apega à rua da Consolação, em São Paulo, e à rua Gustavo Sampaio no Leme, Rio de Janeiro, onde neste instante chove copiosamente. Escrever é um fluxo de registros específicos que cristalizam dias e horas conforme o critério dos autores
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza