Marcos Peres, Especial para O Estado de S. Paulo Que os colégios priorizem a decoreba de afluentes do Volga e fórmulas químicas à formação do leitor de ficção, não há dúvidas. Também, pouco se questiona que as leituras, ainda infantis, sofram um baque com o ingresso do estudante no ensino médio; e de repente se tornem “crivo de avaliação” para o ingresso do aluno em uma Instituição de Ensino Superior. Entre as fábulas infantis e os “romances sérios” nascidos aos borbotões no Ensino Médio, há um deserto agreste e assassino de futuros leitores. De um dia para o outro, jovens acostumados com corvos falantes e lições de moral são levados para o centro do cânone literário brasileiro. O Cabo Alencar e seu arsenal romântico foram, sem dúvida, causa de uma chacina imensa na minha turma de ensino médio. Fórmulas mnemônicas, naquele momento, deram conta de explicar mapas, dinastias e regras de crase, mas incapazes de trazer para os dias atuais um livro como A Pata da Gazela. Aos quinz
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza