Carlos Delano Rebouças* Estou eu aqui sobre esta folha de papel, deitado, bem afinado, sem inspirações para torná-la escrita, à espera de uma leitura interessada. Ninguém, na verdade, esboça me segurar; nem mesmo os mais inspirados. Sou eu - de miolo escuro, negro e pontiagudo - sedento para girar sobre essa folha de papel; para percorrer suas linhas como se o sangue de quem nos segura escorresse de sua alma, fazendo escalas pelo seu coração, braços, mãos e dedos, que me seguram, conduzindo-me conforme o seu desejo de externar tudo que sente e pensa. Por que, meu Deus, não surge alguém nessa sala para se sentar a esta mesa que nos acomoda em sua superfície, usando-nos, mesmo que com o tempo nos tornemos pequenos, insignificantes e descartáveis? Ouvem-se as lamentações do improdutivo lápis! Como pode um lápis lamentar a falta de seu uso, diante do ávido desejo de um apontador que se avizinha para destruí-lo em segundos, em giros impiedosos? Às vezes, precisamos acei
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza