Padre Geovane Saraiva* A imagem de Deus, radicalmente estampada na face da criatura humana, é sempre única. É a partir da afirmação do Livro Sagrado, segundo a qual Deus enxugará as lágrimas de todas as faces, que pensamos, reflexivos, nos desaparecidos do golpe de 64, ao percorrerem um lúgubre caminho, e não mais retornaram. Transformaram-se em sombras, as quais escureceram sempre mais, sem nunca mais brilhar, longe de toda e qualquer luminosidade. Nada mais obscuro e tenebroso. Temos a advertência, nas palavras de um general, ao discordar da nefasta atividade executada: “Quem pratica tal ação transforma-se, diante do efeito da desmoralização infligida. Quem repete a tortura quatro ou mais vezes se banaliza, sente grande prazer físico e psíquico que é capaz de torturar até pessoas mais delicadas da própria família” (cf. Brasil: Nunca Mais). Não há ninguém na face da terra em sã consciência que consiga descrever o grito inumano do monstruoso, quão inominável procedimento.
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza