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Mostrando postagens de abril 17, 2016

ARACNE

Grecianny Carvalho Cordeiro* De acordo com a mitologia grega, Aracne era uma excelente tecelã e fiandeira, a qual fazia questão de dizer que o seu talento era nato, e que não o recebera da deusa Atená, como muito assim acreditavam. Indignada com a ausência de modéstia de Aracne, a deusa Atená se disfarçou de velha e foi até a tecelã para recomendar mais humildade, sob pena de criar animosidades com a deusa. Mas Aracne não ouviu tal conselho e ficou a insultar a deusa, deixando claro que aprendera seu ofício sozinha, sem ajuda de ninguém e sem qualquer intervenção divina. Diante disso, a deusa Atená chamou a arrogante Aracne para um desafio. Na competição de tecelagem entre as duas, a deusa Atená teceu a imagem dos deuses do Olimpo e de todas as suas vitórias sobre os mortais. Aracne, por sua vez, teceu os amores dos deuses, contudo, escolheu histórias em que suas deidades eram menosprezadas. A deusa Atená constatou que Aracne era tão boa quanto ela e, furiosa, rasgou seu

A ilusão

Gosto de imaginar a História como uma velha e pachorrenta senhora que tem o que nenhum de nós tem: tempo para pensar nas coisas e para julgar o que aconteceu com a sabedoria — bem, com a sabedoria das velhas senhoras. Nós vivemos atrás de um contexto maior que explique tudo mas estamos sempre esbarrando nos limites da nossa compreensão, nos perdendo nas paixões do momento presente. Nos falta a distância do momento. Nos falta a virtude madura da isenção. Enfim, nos falta tudo o que a História tem de sobra. Uma das vantagens de pensar na História como uma pessoa é que podemos ampliar a fantasia e imaginá-la como uma interlocutora, misteriosamente acessível para um papo. — Vamos fazer de conta que eu viajei no tempo e a encontrei nesta mesa de bar. — A História não tem faz de conta, meu filho. A História é sempre real, doa a quem doer. — Mas a gente vive ouvindo falar de revisões históricas... — As revisões são a História se repensando, não se desmentindo. O que você quer?