Carlos Delano Rebouças*
O grande mal que assola a sociedade brasileira é, indubitavelmente, o intenso e ininterrupto investimento na sua divisão de classes.
O classicismo social agrada, sobretudo, a um determinado tipo social classificado como mediano. Uma classe média que não aceita e jamais aceitou uma possível aproximação das que enxerga inferiores, por exemplo, nos quesitos posses e bens.
Essa evidência ainda é maior naquelas pessoas que há não muito tempo conheceram a realidade difícil das classes menos privilegiadas, sem nunca terem aceitado a sua realidade, muito pelo contrário, desenvolveram sentimentos nada salutares para o bom convívio social, fazendo fluir a intolerância e a resistência que se revelam pelo ódio demonstrado muitas vezes do nada, absolutamente órfãs de justificativas sensatas. Tudo paira na esfera do surreal.
Infelizmente esse classicismo se manifesta em vários cenários sociais: no mercado de trabalho, na escolha de um amigo, no bar que se frequenta, na igreja a qual escolhemos para nos aproximar de deus, na raça canina escolhida para estimação, na cerveja que consome que serve de adereço para registros nas redes sociais etc. É algo que se materializa sem precedentes mas que falam muito por todos nós.
E quando se terá um basta, diante da constante semeadura separatista e segregadora? Em casa? No trabalho? Na mesa de bar? Na voz do guru ou do líder? Nas redes sociais?
Não sabemos, apenas sofremos com as consequências. E, enquanto tudo isso acontece, o mal se instala destruindo o afeto entre as pessoas, amizades respeitosas e possibilidades de novas e saudáveis relações. Passamos a viver apenas com o nosso pensamento sem poder compartilhá-lo, por medo de uma repreensão insensata e desmedida, capaz de machucar e deixar marcas inapagáveis.
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