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ÉDIPO

Grecianny Carvalho Cordeiro*
Édipo era filho de Laio, rei de Tebas, e de Jocasta. O casal, por um longo período de tempo, não conseguia ter filhos. Como era de praxe, um oráculo foi consultado e este dizia que a criança que viria a nascer mataria o próprio pai e ainda tomaria a própria mãe como esposa. O casal real finalmente teve um filho e, com medo de que o oráculo estivesse certo, logo que a criança nasceu, Laio mandou que os criados a abandonasse nas montanhas, amarrada pelos pés, de modo a que fosse devorada por animais.
Salvo por pastores, o menino foi levado para a cidade vizinha de Corinto, e como o casal real também não tinham filhos, adotaram o menino, o qual recebeu o nome de Édipo, criando-o com todas as regalias de um príncipe herdeiro. Muito tempo depois, consultando o oráculo de Delfos, a fim de saber sobre o seu futuro, Édipo tomou conhecimento da mesma profecia que um dia Laio soubera. E para evitar a tragédia, Édipo fugiu de Corinto, pois acreditava que seus pais eram os monarcas daquela cidade.
Como viajante errante, fugindo de seu destino, ao passar por uma estrada estreita em direção a Tebas, Édipo discutiu com um estranho que lhe negava passagem, episódio esse que se transformou numa briga, tendo Édipo matado o homem, na verdade, o rei Laio.
Havia um monstro que ficava diante das portas de Tebas, uma Esfinge com corpo de leão, cabeça e peito de mulher. A Esfinge anunciou que somente poderia ali passar se decifrasse um complicado enigma, do contrário, seria devorado. Édipo conseguiu esse feito notável e assim chegou a Tebas. 
Édipo fora recebido como heroi, pois salvara a cidade de um terrível monstro que já matara inúmeras pessoas. Já se sabia que o rei Laio fora morto na estrada. Como recompensa por ter matado a Esfinge, Édipo recebeu o trono de Tebas e a viúva do rei Laio, Jocasta.
Édipo reinaria com tranquilidade por alguns anos e teria com Jocasta quatro filhos, dentre os quais, Antígona. 
Após a morte do rei de Corinto, Édipo descobriu a verdade sobre sua origem e cegou a si próprio. Jocasta se enforcou. Essa tragédia grega vai além do imaginável, no entanto, se mostra real em muitas circunstâncias, servindo para dar nome a um problema de ordem psicológica que Freud denominaria de “complexo de Édipo”.
O mito edipiano serve para nos mostrar também que, quase sempre, quanto mais fugimos daquilo que tememos, mais nos aproximamos. Se o nome dado a isso é destino, com certeza. Se existe, melhor não duvidar. 

*Promotora de Justiça, escritora e presidente da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza

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