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Porto Alegre - Patrícia Azevedo*

  domtotal.com

Dias atrás, o assunto ‘Porto Alegre’ surgiu assim, por acaso, em meio às conversas na mesa do buteco. “Os lugares que conheci eram tão feios”, “Pois é, também não gostei não”, foram as reações iniciais. Fiquei realmente intrigada: estariam eles falando sobre a mesma cidade que habitava minhas lembranças?

Cheguei à capital gaúcha no ‘mítico’ e alardeado 11/11/11, para um show do Pearl Jam na companhia de colegas de faculdade. Com capacidade para 20 mil pessoas, o Estádio Passo D'Areia, conhecido carinhosamente como Zequinha, se mostrou o lugar perfeito para a ocasião. Havia uma atmosfera intimista, difícil de ser ‘criada’ em grandes estádios. Lembrou muito o Independência nos (bons) tempos de Pop Rock Brasil.

Enquanto aproveitávamos aquele sentimento gostoso de reencontro, a banda estava em clima de despedida: era o fim da turnê brasileira, que havia passado antes por São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. E fez um show memorável. A começar pelo setlist (link http://www.setlist.fm/setlist/pearl-jam/2011/estadio-do-sao-jose-porto-alegre-brazil-43d18727.html), que mesclou músicas de todas as fases do grupo e trouxe surpresas como Low Light, Oceans e Light Years.

Foram quase três horas de espetáculo, nas quais Eddie Vedder arriscou palavras em português, agradeceu, tomou espumante, cantou parabéns para a esposa, com direito a “É big, big, big” e tudo mais. A impressão é que eles realmente aproveitaram cada momento, assim como o público presente. Só foi difícil pegar o taxi na volta (mas isso acontece quase sempre, não é?).
Com essa sensação ‘de alma lavada’, partimos para conhecer a cidade no restante do fim de semana. Entre as atrações que conseguimos percorrer, três delas se destacam.

O Mercado Público Central, Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre, possui 110 lojas, das mais variadas (como todo o mercado): de açougues a peixarias, restaurantes e pastelaria, até alimentos para animais, sementes, artigos para umbanda e peixes ornamentais. O mais legal, no entanto, são os produtos regionais: vários tipos de ervas, chás, condimentos, cuias para chimarrão, charque, mel. No segundo andar, havia estandes de artesanato, livros e discos (consegui encontrar até vinil do U2).

Também no centro da cidade, está a Casa de Cultura Mário Quintana, instalada no prédio do antigo prédio do Hotel Majestic (o poeta morou lá entre 1968 a 1980). Além do acervo fixo, com obras de Jailton Moreira, Xico Stockinger e Carlos Cavalcanti (entre outros), a Casa abriga mostras das mais diferentes áreas (fotografia, teatro, cinema, literatura e música). Uma das exposições em cartaz atualmente é ‘SAUDADE: 20 anos sem Mario Quintana’, que reúne uma seleção de poemas, fotos, manuscritos e textos do escritor. É possível visitá-la até o dia 30 de julho (diariamente, de 9h às 21h). Se tiver tempo, dê um pulo ao café instalado no último andar da casa, que proporciona uma bela vista da cidade.

Vista, que por sinal, é o ponto forte da Usina do Gasômetro, transformada em centro cultural. Era na realidade uma usina movida a carvão mineral, mas o nome faz referência à área onde está instalada, chamada de Volta do Gasômetro. Quando estivemos lá, não havia nenhuma exposição de peso, mas ver o famoso pôr-do-sol da cidade às margens do Lago Guaíba definitivamente valeu a visita.
No fim, achei Porto Alegre uma cidade bem legal. Semelhante à Belo Horizonte, grande (1.400.000 habitantes), porém não ‘grande demais’, com bons pubs e vida noturna variada. Há problemas e partes feias sim, mas o saldo foi bastante positivo. Claro, todo esse ‘encanto’ pode ter sido culpa do Eddie Vedder, da data ‘mágica’ ou dos meus colegas da faculdade (eles certamente foram parte fundamental). Mas não vejo a hora de visitá-la novamente (Estou de olho na agenda dos eventos que ocorrem por lá. Dia 27 de setembro, haverá show do ‘Queens of the Stone Age’, mas os ingressos já estão esgotados).

Experiência 

A relação que estabelecemos com cada lugar é extremamente pessoal, varia de acordo com as experiências, gostos e olhares. Meus amigos de boteco podiam mesmo não ter gostado de Porto Alegre. Mas no fim, me contaram que tinham estado lá apenas de passagem. O que viram foi pelas janelas de ônibus e táxis. Agora as coisas faziam mais sentido.

*É graduada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com formação complementar em Ciências Sociais. Especialista em Gestão Estratégia da Comunicação pela PUC-Minas. Foi bailarina do Grupo Experimental 1º Ato e integrou a equipe do programa ‘Livro Aberto’ (atual ‘Imagem da Palavra’) da Rede Minas de Televisão. Atuou também, como jornalista, nas assessorias de comunicação da UFMG, do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais, Assembleia Legislativa de Minas Gerais e Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar. É repórter do portal Dom Total desde setembro de 2008. 

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