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Discurso de posse novos acadêmicos

Discurso de saudação de posse de novos membros da AMLEF, Acadêmicos Mônica Tassigny, Gonzaga Mota e Evandro Bezerra Digníssimos membros da mesa diretora dos trabalhos desta solenidade, aos quais saúdo na figura do Presidente da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, imortal e amigo Seridião Correia Montenegro. Saudamos a todos os presentes, autoridades, acadêmicos, familiares, amigos e convidados. Agradecemos a todos e a todas que aqui representam a sociedade. Faço eco às palavras do escritor José Augusto Bezerra quando diz que “A sociedade é a razão de ser de uma Academia e vocês emolduram glamorosamente esta solenidade, com as expressões dos seus rostos e a dignidade das suas figuras.” A Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza se engalana, nesta noite de abril, para receber seus três novos membros: Mônica Mota Tassigny, Luiz de Gonzaga Fonseca Mota, e Evandro Bezerra. Coube-me, por incumbência do Presidente Seridião Correia Montenegro, a honrosa missão de, em nome de nossa academia, estender o tapete vermelho das boas-vindas aos ilustres recipiendários. Uma dama e dois cavalheiros, nomes consolidados no conceito da sociedade e destacados pelo privilegiado exercício da inteligência na literatura e no magistério, já perpetuados por seu trabalho e pelas obras que publicaram. MÔNICA MOTA TASSIGNY: nasceu em Fortaleza, em 28 de maio de 1955. É filha de Ivan Alcântara Mota e de Vera Lúcia Mota. Pedagoga e Especialista em Educação Infantil, pela Universidade de Fortaleza, Mestra em Educação pela Universidade Federal do Ceará, com defesa de tese sob o título de “Crítica à Pedagogia Histórico-Crítica: As Relações Idealistas entre Pedagogia e Sociedade.” Mônica é uma mulher comprometida com o futuro da sociedade e isso se revela no rol de atividades que ela desenvolve, sempre voltadas para o crescimento do ser humano no compromisso com a cidadania, formando homens e mulheres que sejam capazes de transformar o meio em que estão inseridos. Perpassando o currículo da nova imortal, veio-me à mente a sabedoria de Cora Coralina ao afirmar em palavras e testemunhar com a própria história que “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”. Mônica veio de uma família simples, mas que sempre valorizou a educação, a sabedoria e isso é palpável pela escolha primeira por se tornar uma educadora, uma pedagoga. Afinal, a etimologia da palavra pedagogia vai nos levar à Grécia, berço da Democracia e da Civilização Ocidenteal e nos fazer recordar o seu rico significado – pedagogo(a) é aquele que conduz com segurança a criança para o lugar onde deveria se educar. Mônica, no entanto, bebeu da fonte do mestre Paulo Freire e não se contenta em conduzir ninguém pela mão. Quis, fez e faz novos caminhos, com nossos parceiros da sabedoria, discípulos ou não; Mônica tornou-se artesã da palavra, pois, de tanto saber, passou a distribuir o que acumulou, parafraseando, mais uma vez, a velha poetisa de Goiás, quando diz que é “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Mônica é feliz porque não detém o conhecimento só para si. E com a sua firme suavidade de mulher segue partilhando conhecimento e sabedoria. Atualmente é professora titular da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Administração. É consultora do Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Ceará e da Universidade do Parlamento da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Foi consultora MEC/UNESCO para o Ensino Médio Integrado. Faz parte do cadastro nacional de avaliadores do SINAES/INEP/MEC. No momento é Editora da Revista Ciências Administrativas da UNIFOR. Publicou em parceria ou isoladamente os livros: Parlamento, República e Cidadania (2008); Ações da Cidadania Compartilhada (2007); Questões da Cidadania Compartilhada (2007); Lições de Democracia (2006); Seca, Fornalha e Estado de Emergência (2006); História da Nossa Gente (2004); e os seguintes trabalhos científicos: “Ferramenta Estratégica de Comunicação Organizacional”; “Homossexualidade, Psicanálise Freudiana e Pós-Modernidade”; “O Poder do Blog na Comunicação Organizacional”. Seja bem-vinda, querida acadêmica! Que seja profícua e plena a sua participação na AMLEF assumindo a Cadeira n. 26, que tem como patrono Clóvis Bevilaqua. LUIZ DE GONZAGA FONSECA MOTA, uma das mais destacadas figuras da sociedade do nosso tempo, personagem importante da história política e econômica do nosso Estado e do país. Gonzaga Mota, nosso novo imortal, nasceu em 09 de dezembro de 1942. Estudou no Colégio Cearense dos irmãos maristas e já aos 16 anos iniciou-se no magistério. Muito cedo, forma-se em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará, e, por concurso, passa a integrar seu corpo docente a partir de 1970. No ano seguinte, ingressa nos quadros de servidores do Banco do Nordeste do Brasil como Técnico em Desenvolvimento Econômico. Nessa época, o Banco do Nordeste era um conceituado centro técnico cultural, merecendo o reconhecimento de quantos militavam na área econômica em todo o Brasil. Mais adiante, fez pós-graduação em Economia na Fundação Getúlio Vargas. Por sua reconhecida capacidade técnica, foi escolhido pelo Governador Virgílio Távora para ser o Secretário de Planejamento do Ceará. O Governador pediu ao Ministro Mário Henrique Simonsen a indicação de um nome que somasse talento, inteligência, cultura, conhecimento e vontade de trabalhar, a fim de ajuda-lo a governar o Estado, com uma visão voltada para o desenvolvimento econômico e social. Foi com surpresa que Virgílio ouviu do Ministro que, no Ceará, ele tinha um dos maiores talentos do Brasil, na área da economia e do planejamento, um seu aluno de nome Gonzaga Mota. No cargo, o Secretário realizou um trabalho extraordinário e admirável na coordenação do II Plano de Metas Governamentais do Governo Virgílio. O desempenho foi de tal envergadura que o credenciou a disputar o Governo do Ceará nas eleições diretas de 1982, sendo consagrado nas urnas para o exercício de 1983 a 1987. A escolha do candidato foi feita, fugindo aos processos tradicionais da indicação política e dos interesses partidários, para premiar a opção baseada tão somente na competência, na capacidade de trabalho e no inegável valor pessoal do candidato. No seu governo, a força de trabalho, a determinação, a competência, o profundo amor e respeito à coisa pública, deixaram para a história grandes e inesquecíveis lições, que ficaram gravadas na memória do agradecido povo do nosso Estado. Em momento decisivo da vida nacional, quando se exauria o duro período do Regime Militar, teve Gonzaga Mota papel preponderante, pois foi o primeiro governador a assumir a candidatura de Tancredo Neves à Presidência, num gesto de coragem inaudita e altiva consciência histórica. Por sua atitude corajosa, foi convidado por Tancredo para compor a chapa majoritária na condição de Vice-Presidente, e, quando recusou, estava dispensando o proverbial “cavalo que passava selado” e deixando de ser PRESIDENTE DA REPÚBLICA, depois da tragédia da morte do querido político mineiro. Coube, então, a José Sarney governar o país, com todas aquelas consequências sobejamente conhecidas. Pode-se dizer, portanto, que o nosso Gonzaga Mota desdenhou do destino. Sua administração foi marcada pelos princípios da honestidade, merecendo por essa razão a confiança do povo cearense, que, cumprida a missão executiva, lhe concedeu três mandatos de deputado federal, onde consolidou sua projeção nacional, passando a conviver e dialogar de igual para igual com os maiores nomes políticos da República, vultos da estirpe de Ulisses Guimarães, que assim registrou o seu reconhecimento ao valor pessoal de Gonzaga Mota: “Vale a pena a vida pública quando convivemos com a exemplaridade de seu caráter, de sua honradez e de seu consagrado talento político. ” Gonzaga deu contribuição inestimável para o aprimoramento de leis e ações governamentais brasileiras, no campo da economia nacional. Não podemos virar a página, sem trazer à lembrança de todos, o testemunho principal de toda a sua atividade política, dado por quem estava ao seu lado, em todos os momentos, dona Mirian, uma mulher excepcional a quem o Ceará muito deve, pois como primeira-dama sempre teve o olhar voltado para os mais necessitados, sendo sua mão o instrumento divino no socorrer e na minoração do sofrimento da população carente. Onde houvesse alguém chorando as amarguras da pobreza e do infortúnio, aí estava a primeira dama a levar o socorro, a palavra de conforto, a presença oficial do Estado no campo da assistência social. O Ceará jamais esquecerá a ação generosa do “Programa Asa Branca”, nascido do sentimento de solidariedade e compaixão de quem sonhava com um Ceará menos sofrido, a primeira dama, dona Mirian Mota. Mas Gonzaga Mota não é só homem da economia, da estatística, das planilhas, da frieza dos cálculos, da ciência dos números, do planejamento, das ações de governo, do trato com as leis de mercado e com as oscilações do câmbio e das bolsas de valores. No lugar mais recôndito do seu ser, vibram as cordas de um coração sensível, tocado pela chama ardente do sentimento poético, que sabe fazer a transmutação de emoções em poemas, em cânticos de amor à natureza e aos sublimes sentimentos que divinizam o ser humano, levando-o à adoração do Criador. E Gonzaga, nos seus poemas, fala que em noites de insônia, com a alma possuída pelas ansiedades que só os estetas interpretam, busca com fervor as palavras e expressões para simbolizar sentimentos que falam ao seu coração. E, ao correr da pena, sobre a face branca e acolhedora do papel, qual uma cachoeira indomável e estrepitosa, a palavra jorra ainda molhada pelas lágrimas dos sentimentos de sua alma nobre. Aí então o poeta, debruçado sobre a mesa, contempla o poema como um filho provavelmente divino, nascido das entranhas de seu ser, de seu lado escondido, e que traduz de forma misteriosa o sublime sentimento humano que os outros olhos não veem, senão quando transformado em poesias, traduzido pelo dom divino da palavra. Gonzaga Mota tem vasta e diversificada publicação literária, vejamos: Exercício de Moedas e Bancos – Curso de Ciências Econômicas da UFC – 1975 (Monografia), Noções sobre Taxas de Crescimento – Curso de Ciências Econômicas da UFC-1971 (Monografia), Operações de "Underwriting"- Curso de Ciências Econômicas da UFC-1972 (Monografia), Noções sobre Balanço de Pagamentos – Curso de Câmbio promovido pelo BNB 1974 (Monografia), Introdução à Análise Monetária – Editora Atlas, 1979, Nordeste: Desafio Nacional – 2002, Questão Social Brasileira, 2002, Reflexões I, 2004, Reflexões II, 2005, Reflexões III, 2006, Ideias (Coletânea de artigos publicados no jornal Diário do Nordeste), 2004, Desenvolvimento da América Latina, 2005, Textos para Reflexão, 2010, Ao vento: Poemas –, 2011, Amor e Dor: poemas, 2012, ed. Premius, Sonhos: poemas, 2013, ed. Premius. Por sua trajetória acadêmica e política recebeu os seguintes Títulos de Cidadania: Tabuleiro do Norte, Granjeiro, Acopiara, Limoeiro do Norte, Barro, Jaguaribe, Pedra Branca, Barbalha, Boa Viagem, Mauriti, Quixeramobim, Russas, Independência, Chaval, Quixadá, Novo Oriente, Quixeré, Santa Quitéria, Itapipoca, Mulungu, Sobral, São Benedito, Trairi, Hidrolândia, Maracanaú, Maranguape, Morrinhos, Milhã, Itapajé, Capistrano, Madalena, Icó, São Benedito, Crato, Ibaretama e Jaguaribara. Por tudo isso, nos sentimos honrados por ele agora fazer parte dessa Academia. Seja bem-vindo, companheiro Gonzaga Mota à Cadeira 19 da AMLEF, que tem como patrono: Joaryvar Macedo. Saudemos EVANDRO BEZERRA, que nasceu em 28 de agosto de 1941, em Fortaleza, em plena Segunda Grande Guerra, quando o mundo vivia momentos de dor e angústia. O nascimento do menino Evandro veio como um ponto de luz iluminar a triste escuridão que encobria a consciência humana e para dar alegria a Raimundo Nonato Bezerra e Maria do Carmo, seus pais. Viveu infância e adolescência feliz naquela Fortaleza ainda horizontal, quando as brisas do mar chegavam ao lares e às praças e bem antes de se tornar esta cidade emparedada pelos espigões de cimento armado. Tempo em que as crianças podiam sair à rua sem os perigos de hoje e os jovens andavam pela noite fazendo serenatas e tecendo loas às suas namoradas. Graduado em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará é Consultor em Agronomia. É assessor e consultor da Secretaria da Agricultura Irrigada para Estudos de Solos nos Vales dos Rios Jaguaribe e Banabuiú. Sócio da Associação Cearense de Imprensa (ACI). Sua produção bibliográfica inclui os livros: O Centenário do DNOCS e a Convivência com a Seca (2009); A Salinização de Solos Aluviais em Perímetros Irrigados no Estado do Ceará (2006); O Rio São Francisco: A Polêmica da Transposição (2002); A Barragem do Castanhão e a Transposição do Rio São Francisco (1996); A Terra e a Irrigação no Nordeste (1996) e O Nordeste Semiárido e o Bioma Caatinga. Também já escreveu dezenas de crônicas que foram publicadas pelos principais jornais de Fortaleza - CE. Por esse currículo aparentemente técnico poder-se-ia pensar em um homem também frio e distante... mero engano. Observar a natureza com suas variadas nuanças, requer sentimento e ternura de poeta. Afinal a Natureza é mulher cheia de caprichos e para desvendá-los é preciso ter a maestria de quem enxerga para além da chuva, do sol, do solo íngreme. Na natureza, está a fonte primeira de quem escolhe como profissão a agronomia e áreas afins. Nos estudos que Evandro desenvolve encontra-se a sua busca por encontrar as ferramentas mais eficazes, capazes de transformar o homem e a natureza em parceiros solidários, embora no momento esse relacionamento encontre percalços e dificuldades. Não são meras palavras as que ora profiro aos senhores, senão vejamos um de seus principais títulos: O Centenário do DNOCS e a Convivência com a Seca (2009). Quantos, além de Patativa do Assaré ou Luiz Gonzaga, enxergaram a seca não apenas um flagelo, mas um capricho da mãe Natureza a desafiar a capacidade de seus filhos de achar soluções nas dificuldades? EVANDRO BEZERRA, sabemos que a cadeira n. 33 será bem ocupada pelo estimado acadêmico. Senhoras e Senhores Acadêmicos, Senhoras e Senhores Convidados: Esta noite tem o gosto e as cores da felicidade. É uma festa de alegria e em nome desse sentimento estamos reunidos. Como humanos, somos seres gregários por natureza e quando nos associamos cumprimos o principal destino da espécie. Tenho certeza, senhoras e senhores, que a recepção que oferecemos a Mônica Tassigny, Gonzaga Mota e Evandro Bezerra é como se fosse um cântico de aleluia e de boas vindas, pois sabemos que suas presenças, como astros de primeira grandeza, irão iluminar, com os raios fúlgidos da melhor inspiração, o campo fecundo e produtivo da cultura e da literatura do Ceará e de nossa academia, que neste momento os abraça com todas as forças da amizade, de calor humano e de fraternidade. Saudações companheiras. Assis Almeida.

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